Aulas presencias são a preferência entre pais e professores

A necessidade de interação humana na educação é muito forte e faz toda diferença para uma aprendizagem de sucesso. A pesquisa de opinião do Sinpro-DF, realizada entre os dias 21 e 31 de maio, com dez mil com mães, pais e responsáveis por estudantes da escola pública descobriu que eles e elas entendem que as aulas presenciais devem estar no centro da discussão e sabem que a situação de emergência sanitária exige adequações  que combinem a interação humana com o distanciamento social.

“Embora pareça um paradoxo, teremos de enfrentar o desafio de manter as aulas presenciais e o distanciamento social no centro da discussão da recomposição do ano escolar. A rede pública tem 460 mil estudantes e ela existe para atender a todos esses jovens e crianças”, afirma Cláudio Antunes, coordenador da Secretaria de Imprensa do Sinpro-DF.

Impressão de atividades
Para 54,27% dos pais da rede pública as aulas presenciais podem ser acrescidas de atividades impressas que seriam enviadas para casa para recompor a carga horária e poderiam ser acrescidas de atividades pela internet e TV. Para 45,73% as atividades poderiam ser feitas de forma remota pela internet e TV. Estes dados também são compatíveis com uma leitura integrada da pesquisa que revelou que  86,73% dos pais não enviariam os filhos para a escola antes da contaminação começar a reduzir. Lembramos também que 68,30% dos pais declararam que alguém que mora na residência pertence ao chamado grupo de risco e portanto, não aceitam que a escola seja um vetor que aumente as chances de contaminação da família.

O momento de introduzir os materiais impressos também é objeto de preocupação de toda a comunidade escolar. O envio de impressos para a casa de estudantes e posteriormente para a casa dos professores aumentará chance de contaminação, tendo em vista que o vírus sobrevive em superfícies como papéis e plásticos.

Na China, essa dificuldade foi superada com criatividade: estudantes imprimiam as atividades em casa e as enviavam para seus professores por fotografias (arquivo de imagem), os docentes corrigiam as atividades e reenviavam para os alunos.  A questão é que a China ofereceu equipamentos  e internet  para os estudantes, professores e escolas que tinham dificuldade de acesso. Nossa pesquisa também revelou que apenas 28,46% dos estudantes possuem impressora em casa. Segundo o GDF, os estudantes sem equipamentos eletrônicos/internet receberão em casa os impressos. São 120 mil estudantes sem nenhum equipamento (tablet, celular, computador/notebook).

A Educação a Distância não foi criada para ser aplicada em crianças  e adolescentes. Quando perguntamos aos pais se haveria alguém para acompanhar as aulas neste formato, 47,05% respondeu que não. Ao analisarmos a etapa de atendimento o percentual varia de 79,06% no ensino médio a 30,65% na educação especial de estudantes que não teriam assistência de ninguém no acompanhamento destas aulas (vide gráfico detalhado por etapas). Poderiam crianças de 4 a 17 anos de idade fazer sozinhas e diariamente a conexão e configuração do equipamento eletrônico e as aulas à distância?

A pesquisa também revelou que para 65.76% dos professores  o retorno das aulas deveria ser de forma presencial combinadas com atividades a distância. Para 34,24% dos professores as aulas deveriam ser apenas presenciais. Quando analisamos as respostas a pesquisa entre os professores regentes, para 38,96% as aulas deveriam ser apenas presencias.

 

 

A rede de ensino possui cerca de 23 mil professores regentes, dos quais 5 mil não possuem computadores para desenvolver aulas a distância. Este equipamento é essencial para que aulas nas plataformas digitais sejam planejadas e ofertadas aos estudantes. No entanto, até o momento o GDF, através do secretário de educação, Pedro Ferraz, apenas acenou em obter linha de crédito junto ao BrB para que os professores busquem pelo endividamento o equipamento que o patrão deve oferecer para que o empregado desempenhe a atividade laboral.

A situação não é diferente em relação aos estudantes. Nossa pesquisa identificou  que 120 mil estudantes (26,27%) também não dispõem de nenhum equipamento eletrônico (tablet, celular, computador/notebook) para assistirem aulas remotas. Para estes estudantes, a EaD representará a maior exclusão educacional já vista no DF. O plano de retorno das aulas via EaD expõe claramente as mazelas da má distribuição de renda, reforçado pelo próprio Estado quando propõe que 120 mil crianças e adolescentes fiquem  sem acesso e sem as mesmas condições de equipamentos dentro do projeto Educação Em Casa DF da Secretaria de Educação. Segundo o planejamento do GDF, a partir do dia 29 de junho as aulas já valerão como carga horária/dia letivo, ou seja, esse procedimento diminuirá as aulas presenciais do ano escolar, dificultado o processo de aprendizagem de 120 mil estudantes.

Professores(as) não se sentem preparados(as)

74,30% dos professores regentes declararam que não se sentem preparados para realizar atividades remotas. A falta de investimento em informática educativa explica  esse sentimento. O governo Arruda fechou a maioria dos laboratórios de informática da rede pública de ensino, retirando professores que atuavam nestes espaços pedagógicos. Ao fazer isso, praticamente paralisou a formação em massa de professores que os NTEs (núcleos de tecnologia educacional) realizavam desde 1999 por ocasião do programa federal de modernização educacional, o PROINFO.