Parada LGBT de Taguatinga luta por mais inclusão e menos discriminação

A parada do orgulho LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) de Taguatinga reuniu mais de 30 mil pessoas nesse domingo (30) e colocou em debate a discriminação nas escolas. A concentração começou na Praça do Relógio. De lá, os participantes seguiram em marcha pela cidade. Puxada por dois caminhões de som, a parada teve atrações musicais e discursos defendendo direitos para a população LGBT e um ambiente escolar sem homofobia. O tema central deste ano foi: mais inclusão e menos discriminação.
Os organizadores da parada afirmaram que o tema também é uma forma de apoio as mais de mil escolas ocupadas contra o sucateamento da educação pública no Brasil. Os jovens reforçaram a importância de lutar e seguirem mobilizados contra a reforma do Ensino Médio, que torna facultativo o ensino de disciplinas como Sociologia, Filosofia, Artes e Educação Física. Durante a parada, os ativistas ainda repudiam o projeto Escola sem Partido, que criminaliza e bani o debate de temas importantes em sala de aula, como a discussão da homofobia.
A estudante de assistência social Jussara Barros, 24 anos, do Conselho Distrital de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos (CDPDDH), que participou da organização da parada, explicou que a opção pelo tema da educação está ligada ao momento atual.
“Nós tivemos aqui, no Distrito Federal, o caso de um professor que abordou a homofobia e foi questionado pela deputada distrital Sandra Faraj”, exemplificou, referindo-se à parlamentar evangélica do partido Solidariedade, que enviou ofício a uma escola de Ceilândia, a 30 quilômetros de Brasília, pedindo providências legais em relação a um trabalho escolar que abordava o tema. Na ocasião, o diretor da escola e a Coordenação Regional de Ensino ficaram a favor do professor.
“A educação é um tema que está em alta, com as discussões sobre a PEC 241 e a reforma do Ensino Médio. Não dava para não falar disso esse ano”, disse o estudante Diulio Garcia, 19 anos, que também participou da organização dessa edição do desfile.
Diversidade
A Parada LGBT também trouxe temas paralelos, representados pela presença de movimentos como o Mães pela Diversidade, em que as mães apoiam a orientação sexual ou identidade de gênero dos filhos, e a Igreja Inclusiva, em que fiéis são aceitos independentemente de sua orientação sexual.
O engenheiro José Henrique Guedes, 61 anos, que discursou representando o grupo Mães pela Diversidade, contou a história do filho, Christian, de 16 anos. “O Chris nasceu em 2000 (e foi) registrado como menina. Em 2014, Christian nos disse que nós não tínhamos uma menina, e, sim, um menino. Nós o abraçamos e o continuamos amando. Ele é uma alma completa, uma pessoa boa, independente do que a LGBTfobia diz ou quer fazer acreditar”, afirmou.
Já a pastora Paloma Sene, da igreja evangélica Cidade de Refúgio, em Taguatinga, discursou dizendo que Deus não faz diferenciação entre os seres humanos. “Não é verdade que Deus te excluiu. Ele te ama e você pode voltar para os braços do Pai, se assim o desejar”, afirmou Paloma, que é casada com uma mulher.