Em Goiás, OS na educação pública comprova “incompetência” do governo

A gestão da educação pública do estado de Goiás executada por organização social (OS), proposta do governador Marconi Perillo (PSDB), vem sendo duramente repudiada pelas entidades sindicais do estado. Para Iêda Leal, vice-presidente do Sintego – sindicato que representa os trabalhadores da educação de Goiás –, a iniciativa “é apenas a prova da incompetência do governo”.
“A educação pública, não apenas em Goiás, mas no Brasil, necessita de um olhar diferenciado, uma maior qualificação dos profissionais da área, realização de concursos públicos e aumento no investimento destinado à educação”, afirma Iêda Leal, que deslegitima, em todos os níveis, a eficácia da gestão das escolas públicas por organizações sociais.
Segundo a vice-presidente do Sintego, qualquer iniciativa de privatização das escolas públicas implica na desvalorização do profissional, podendo haver o descumprimento do plano de carreira, mudanças em pisos salariais, carga horária, etc. “É um desrespeito à categoria”, ressalta a dirigente sindical.
A Secretaria de Estado de Educação, Cultura e Esporte de Goiás já publicou o chamamento destinado à seleção das OS’s que irão gerenciar 23 escolas públicas do estado. De acordo com Iêda Leal, toda a ação foi realizada de forma arbitrária. “Em nenhum momento houve diálogo por parte do governo com os profissionais das unidades escolares de Goiás”, diz.
A gestão por organização social é um método já utilizado na saúde pública. Porém, na educação, é novidade. Basicamente, este modelo reflete na entrega da administração pública à iniciativa privada, em um sistema que desfavorece a classe trabalhadora e a sociedade.
Em Brasília, no último processo de negociação entre GDF e professores da rede pública de ensino, em 2015, o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) chegou a sugerir, em documento oficial, a implementação de OS na educação pública infantil até 5 anos de idade. A oferta foi duramente rebatida pelos professores. Eles afirmaram que, em momento algum, permitirão este tipo de sistema.
Repressão
Desde que foi publicado, o decreto de gestão compartilhada das escolas públicas de Goiás resultou na realização de diversas manifestações contrárias ao projeto, como forma de alertar a população sobre os perigos da privatização. As ações realizadas por estudantes e movimentos sindical e sociais, entretanto, vêm sendo duramente coibidas pela polícia militar. Isso não só em Goiás, mas em outros estados do país, como, por exemplo, São Paulo.
Na última quarta-feira (6), em uma das manifestações organizadas por alunos da rede pública de ensino do estado de Goiás, mais um caso de agressão policial foi registrado. Uma foto publicada na página de rede social dos secundaristas do estado, mostra um policial descaracterizado apontando uma arma para um dos alunos que participava do protesto no Colégio Robinho Martins de Azevedo. A escola é um dos alvos de privatização do governo.
“A violência por parte do policial é um reflexo do despreparo da polícia”, avalia o secretário geral da CUT Brasília, Rodrigo Rodrigues. Segundo ele, é visível o aumento da violência policial em diversas manifestações de trabalhadores, estudantes e dos movimentos sindical e sociais em geral.