O desenvolvimento do pensamento crítico só é possível com uma revolução social

“Como pensar e desenvolver um pensamento pedagógico crítico para América Latina?” Essa foi a questão central da apresentação do Dr. Gaudêncio Frigotto, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, durante sua palestra no último dia do III Encontro do Movimento Pedagógico Latinoamericano, que acontece em San José, Costa Rica.
Frigotto disse que esse pensamento pedagógico crítico só é possível se houver mudanças na estrutura capitalista, ou seja, uma reforma social que combata o modelo de privatização que invadiu a escola pública. Ele também ressaltou que as mudanças sociais e educativas que a América Latina precisa serão possíveis quando esses povos decidirem colocar a luta pelos seus direitos numa agenda permanente.
Lutas sociais
O palestrante frisou a importância de se pensar a educação como um processo de transformação, já que o modelo vigente foi construído pelo capital e pela burguesia que produz a miséria e se alimenta dela.
Como a teoria e prática da educação latinoamericana refletem as burguesias locais, no aspecto econômico, cultural, linguístico e mesmo religioso, em que o domínio educacional e cultural se deu mediante acordos bilaterais conduzidos por organismos internacionais, é necessário reformá-la desde o ponto de vista conceitual.
Assim, Frigotto fez um chamado às organizações sindicais para que a inspiração do Movimento Pedagógico Latinoamericano venha das lutas sociais: “O desenvolvimento do pensamento crítico só é possível com uma revolução social, e é das lutas sociais que nasce a força do Movimento Pedagógico”, convocou.
A pedagogia que queremos
O palestrante motivou todos os trabalhadores em educação a continuarem construindo e fortalecendo uma pedagogia alternativa, transformadora, emancipadora e libertadora, que promova os pensamentos de José Martí com sua proposta de educação emancipadora, de Gabriela Mistral, da educação como resistência, e de Luis Beltran Figueroa e Paulo Freire com a pedagogia do oprimido.
Mais uma vez, defendeu a educação como um processo transformador que leve a uma educação integral, unitária, universal e laica, que supere as concepções do conhecimento fragmentado e que permita compreender as relações sociais. Dentro do que chamou de “desafios teóricos que exigem ações práticas”, ele cobrou a inclusão do conhecimento e valores dos povos originários da América Latina, no modelo de educação que o Movimento Pedagógico busca: “Devemos voltar nossos olhos para a história para recordar de onde partimos, saber o que acontece com a América Latina e quando a educação começou a ser pensada como capital humano”, concluiu Frigotto.
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