Novo método de avaliar o Ensino Médio, é trocar seis por meia dúzia

O Ministério da Educação anunciou que o Enem passará a ser utilizado como avaliação do ensino médio, em substituição ao Saeb. A CNTE vem reforçar que a mudança não enfrenta o problema estrutural . Apenas substitui um exame por outro, preservando a mesma lógica reducionista que há décadas direciona as políticas educacionais.
O Enem não foi criado para avaliar a qualidade do ensino médio. Ainda segue os passos do Saeb, ao manter o foco exclusivo em testes cognitivos em larga escala para avaliar a qualidade da educação, deixando de lado dimensões essenciais do direito à educação. Reforçamos que a qualidade educacional é multidimensional e envolve condições de trabalho, gestão, equidade, clima escolar, cidadania, direitos humanos, infraestrutura e práticas pedagógicas — aspectos reconhecidos pelo próprio Inep na Matriz de Qualidade do Saeb, composta por sete eixos estruturantes.
Insistir em medir a escola apenas por um teste massivo significa desconsiderar o trabalho docente, reduzir o currículo e reforçar pressões por desempenho, efeitos amplamente documentados na literatura acadêmica e detalhados no artigo ” Qualidade da educação básica: Para além dos teste cognitivos ” [Acesse o artigo] Avaliar educação não é aplicar uma prova .
A CNTE defende um modelo de avaliação que reconheça a complexidade do processo educacional , considere o contexto das escolas e dialogue com professoras, professores e comunidades. Trocar o exame sem revisar a lógica é apenas trocar seis por meia dúzia.
Por uma educação pública e de qualidade! Em todas as suas dimensões.
Fonte: CNTE
