Rio de Janeiro paga “o alto preço da ignorância”

Uma “operação” que não ocorreu num momento qualquer: por um lado, um grupo político que só consegue mobilizar a partir do caos e do medo – e vinha perdendo espaço e narrativa – reconquista seus instrumentos clássicos de manipulação. Por outro lado, o governo dos Estados Unidos, em nome de uma suposta “guerra às drogas”, manda embarcações de guerra para a costa América do Sul – atitude saudada e celebrada por ícones da extrema direita brasileira entreguista.

Quando a população das comunidades precisa empilhar em praça pública seus mortos, para que todos sejam contabilizados – ato que simplesmente dobrou o número de mortos de cerca de 60 para mais de 120, é porque o Estado faliu e falhou em sua missão de garantir segurança a todos e todas. O que o governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro (PL), insiste em chamar de “operação bem-sucedida” é, na realidade, a maior chacina da história do Rio de Janeiro.

Esta não é apenas uma nota de repúdio. É uma nota de lamento profundo. Há 40 anos, antes mesmo da promulgação da Constituição de 1988, o Rio de Janeiro construía os Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs). Uma rede de escolas em todos os cantos do estado, com ênfase na periferia e nos morros, que garantia às crianças (em turmas com número adequado de alunos) educação integral, alimentação, assistência médica e odontológica – e, principalmente, profissionais valorizados.

O projeto dos CIEPs foi criticado, desmontado e destruído, sob o argumento de ser muito dispendioso. Mas, seu idealizador, Darcy Ribeiro, dizia que cara, mesmo, era a ignorância.

Quarenta anos depois, a presença do Estado nas periferias apenas em “operações” policiais que custam centenas de vidas nos apresenta o alto preço da ignorância denunciado há algumas décadas por Darcy Ribeiro e Leonel Brizola.

Mais que repudiar a ação da última terça-feira, o Sinpro lamenta profundamente a falência da educação no estado do Rio de Janeiro, que foi substituída por um forte aparelho de opressão extremamente violento – a mesma lógica que permeia a ideia da militarização das escolas tão defendida pelo governo Ibaneis Rocha no DF, e por outros representantes da extrema direita Brasil afora.

A ignorância custa caro. À sociedade e ao Estado.

 

Sinpro-DF

Crédito da foto de capa: Tomaz Silva/Agência Brasil