Professores sob ataque, crianças em risco: o discurso perigoso de Nikolas Ferreira

A fala do deputado federal  Nikolas Ferreira (PL-MG) na última quinta-feira (21/8) ultrapassou todos os limites. O pronunciamento, que pode ser visto pelo mundo inteiro via internet, entra na lista dos ataques sistemáticos de movimentos antieducação à carreira magistério público e vai além: defende mecanismos que facilitam que crianças e adolescentes se tornem alvo de pedofilia, sejam incentivadas ao suicídio ou influenciadas a protagonizar os trágicos ataques às escolas.

Ao abordar o projeto de lei que protege crianças e adolescentes nos ambientes digitais (PL 2628/2022), Nikolas se esquivou de qualquer respingo de escrúpulo para tentar colocar os ataques aos direitos humanos e a liberdade de expressão no mesmo patamar.

Preocupado com as bilionárias bigh techs, o parlamentar defende que a recomendação de conteúdos criminosos feita pelos algoritmos das redes sociais seja realizada livremente, sem qualquer limite. Ou seja, não se deve estabelecer nenhum tipo de filtro para que conteúdos que expõem o corpo de crianças, por exemplo, sejam derrubados ou denunciados, e cheguem a pedófilos dos seis continentes.

Para defender o indefensável, Nikolas ataca a carreira do magistério público e afirma que professores(as) obrigam alunos(as) a se beijarem e colocam vídeo pornográfico e conteúdos eróticos em sala de aula.

A estratégia sorrateira e repulsiva não passa de mais um truque para tornar as salas de aula das escolas públicas espaço de promoção intensiva de intolerância e violência.

Essa não é a primeira vez que Nikolas — que presidiu a Comissão de Educação da Câmara dos Deputados em 2024 — ataca o magistério público e esconde suas intenções tenebrosas atrás de fake news. Em outras ocasiões, o parlamentar acusou professores(as) de doutrinação.

Ao longo dos anos, professores(as) e orientadores(as) educacionais não têm medido esforços para transformar as escolas em espaços de acolhimento, troca de saberes e formação cidadã, assegurando à educação seu papel de transformação social.

É inadmissível que um parlamentar use de sua posição para realizar ataque calculado que tenta minar a credibilidade da nossa categoria e coloca vidas em risco.

Não tenhamos dúvida: o projeto de Nikolas Ferreira é desestabilizar a educação pública e atacar os direitos humanos para fragilizar a democracia e a soberania do nosso Brasil.

O momento exige mais do que repúdio; exige ação. É necessário que haja consequências para quem usa seu mandato para atacar a educação e a proteção da infância e da adolescência. Seguiremos em luta em defesa da verdade, do magistério público, do Brasil.

Diretora colegiada do Sinpro-DF