NOTA DE REPÚDIO | Sinpro defende ensino de Cultura africana nas escolas e denuncia racismo religioso

A obrigatoriedade do ensino de Cultura africana nas escolas públicas é resultado de anos de luta de grupos sociais que atuam em defesa do respeito às diversas culturas, à desconstrução de estereótipos e de estigmas construídos historicamente. Uma luta decisiva para que não sejam banalizadas formas de violência, opressão, discriminação que marcam a vida e a história de milhares de pessoas.

Entender a Cultura africana – bem como a indígena, a asiática e todas as outras – é conhecer o passado, perceber o presente e projetar o futuro. É poder pensar qual o amanhã que queremos, com qual realidade socioeconômica.

O ensino da Cultura afro-indígena é garantido no Currículo em Movimento da Secretaria de Educação do DF, na Lei Orgânica do DF e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Entretanto, colocar isso em prática nas salas de aula ainda causa desconforto em algumas pessoas. Entre elas, infelizmente, figuras que têm como umas das principais funções legislar em um país onde leis pressupõem a construção de uma sociedade justa e democrática.

É o caso do deputado distrital pastor Daniel de Castro (PP). Nas redes sociais, o parlamentar afirmou que entrou com representação junto ao Ministério Público contra uma professora da rede pública de ensino do DF que apresentava aos estudantes a Cultura africana e, necessariamente, sua religião.

No vídeo, o parlamentar afirma que a professora cometeu um “crime” e “incute na cabeça das crianças uma religião afro”. O próprio material publicado pelo deputado mostra que a professora apenas aborda questões sobre religiões de matriz africana, que assim como o cristianismo, cultua divindades. Certamente não são as mesmas. Entretanto, como afirma o especialista em Orientação Educacional Renato Ferreira Machado, “as verdades de cada religião são afirmações de fé, feitas pelo que se acredita e não pelo que se viu”.

A crítica contundente e infundada do deputado pastor Daniel de Castro quanto ao ensino da Cultura africana/afro-brasileira leva ao flagrante de racismo religioso. A prática, essa sim considerada crime e violação dos direitos humanos, se manifesta, inclusive, em falas que expressam discriminação e atitudes que apresentam antítese ao legado africano, apresentado também em suas religiões.

Em defesa da democracia, da liberdade e da igualdade, de uma sociedade antirracista e sem preconceito religioso, o Sinpro repudia a manifestação do deputado pastor Daniel de Castro. Escola não é apenas lugar de ensinar Matemática, Física, Português, caro deputado. Escola é lugar de entender o mundo de forma crítica, de aprender a conviver com a diversidade, de ser a gente mesmo desde que isso não atinja os direitos de outras pessoas. Escola é lugar de ser feliz, e para isso, é preciso ter nossos direitos garantidos.

Diretoria colegiada do Sinpro-DF