Mutirão contra as altas taxa de juros ocorre nos dias 30 de junho e 2 de julho

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Portal CUT – Escrito por: Luiz Carvalho | Editado por: Rosely Rocha

Os movimentos sindicais e os sociais que promovem a Jornada de Lutas contra os Juros Altos, realizarão um mutirão de mobilizações entre os dias 30 de junho (sexta) e 2 de julho (domingo), em todo o país.

A atividade é parte das ações organizadas pelos Comitês Populares de Luta para discutir com a população o impacto da manutenção dos juros em 13,75% após mais uma reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) no último dia 21.

O órgão ligado ao Banco Central (BC) é responsável por definir os índices em reuniões que ocorrem habitualmente a cada 45 dias.

A secretária de Mobilização e Relação com os Movimentos Sociais da CUT, Janeslei Albuquerque, destacou que desde o Dia Nacional de Lutas contra as Altas Taxas de Juros, em 16 de junho, quando a jornada foi lançada.

No último dia 20, manifestações em frente à sede do Banco Central em todo o país levantaram a discussão sobre como o presidente do BC, o bolsonarista Roberto Campos Neto, tem trabalhado para frear o desenvolvimento e impedir que indicadores positivos como a elevação do Produto Interno Bruto (PIB) e a queda da inflação, promovam a retomada do crescimento.

“O Banco Central é independente em relação a quem? Pode ser ao governo, ao Congresso, mas é completamente submisso aos bancos e banqueiros? Temos um representante de Bolsonaro sabotando o crescimento do país, o desenvolvimento e o emprego e isso já é argumento suficiente para exonerar o Campos Neto”, afirma a dirigente.

Nesta quinta-feira (29), o presidente Lula voltou a criticar Campos Neto pelo juros altos e afirmou “ ele não entende absolutamente nada de país, não entende nada de povo, não tem sentimento com o sofrimento do povo, e mantém uma taxa de juros para atender aos interesses de quem? A quem que esse cidadão está servindo nesse momento? .

Todo mundo odeia Campos Neto

Nas redes, lideranças têm reafirmado o apoio à luta e ao mutirão. Para o dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, é preciso fazer um trabalho de base que deve incluir desde a distribuição de panfletos até a utilização de carros de som e assembleias públicas nas praças.

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“A taxa de juros é o problema mais grave da economia brasileira. Ganhamos as eleições, colocamos o Lula no Palácio do Planalto, mas os bancos, que nunca gostaram dele, também colocaram um presidente antes das eleições, através do Bolsonaro, no Banco Central, e deram autonomia ao Banco que pode fazer o que quiser, independente do governo. Por conta das taxas de juros, muitos empréstimos de compras a prazo atingem hoje até 30%”, criticou.

A Presidenta do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann, ressalta a importância de lutar contra os juros e a política do Banco Central. “Vamos organizar diferentes atividades e dialogar com a população sobre os efeitos dos juros na vida das pessoas. Mostrar como os juros altos causam fome, desemprego, recessão, prejudicam as indústrias, o setor produtivo, deixando o povo endividado e o país sem investimentos”, explicou.

Criatividade

Um dos grandes desafios é explicar à população sem utilizar o ‘economês’ a importância de baixar a taxa de juros. Entidades como a União de Núcleos de Educação Popular para Negras, Negras e a Classe Trabalhadora (Uneafro) tem realizado aulas para tratar do tema.

A mais recente delas aconteceu no dia 28, em frente à sede do Banco Central, em Brasília, com a participação de educadores como Hélio dos Santos e Douglas Belchior.

Outras organizações também já programaram protestos para datas posteriores ao mutirão, como os sindicatos da CUT em Sorocaba, no interior de São Paulo, que irão realizar protestos, no dia 8, a partir das 9 horas. A manifestação começar na Praça Frei Baraúna, região central da cidade, seguida de uma caminhada.

Para a CUT, o momento agora é de elevar a pressão junto ao Senado , que tem o poder de destituir Campos Neto,  e de  cobrar responsabilidade do Banco Central.

Roubo ao Brasil

A manutenção da Selic em patamares estratosféricos prejudica diretamente o país por que é base para todas as transações financeiras, desde empréstimos pessoais a juros do cartão de crédito, além de financiamentos destinados à produção.

Com isso, a decisão do Conselho Monetário afeta todo o setor produtivo e tem desagradado até mesmo organizações empresariais como a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Além disso, com a Selic alta, o governo federal é obrigado a dispor de recursos que poderiam ser destinados a áreas sociais para pagar títulos da dívida pública. A estimativa é que a União gaste R$ 600 bilhões com o serviço da dívida a cada ano

Segundo cálculos do próprio BC, para cada 1% de elevação da taxa de juros a dívida pública do país sobe em R$ 38 bilhões. De acordo com economistas, caso a taxa fosse reduzida em apenas meio ponto percentual durante um ano, isso já garantiria o orçamento de 2023 para o Programa Minha Casa Minha Vida.

Em 2022, os bancos lucraram R$ 106,7 bilhões e deixaram para trás um rastro de 78,3 % de famílias endividadas, das quais 29,1% estão inadimplentes e têm de conviver com juros estratosféricos que geram pessimismo também para empresas.

Segundo pesquisa realizada pelo Sindicato da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo (Simpi) e o Datafolha, as expectativas nunca foram tão ruins e 66% das empresas ouvidas disseram se sentir muito prejudicadas pelas taxas impostas pelo Banco Central.

Fonte: CUT