Multidão vai às ruas e grita “Fora Temer”

As falas do presidente golpista Michel Temer quanto a uma suposta inexpressividade das manifestações em repúdio ao seu governo foram totalmente desmentidas nesse domingo (4/9) pela realidade dos fatos. Convocados pelas Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, os atos pelo “Fora Temer” e em defesa de novas eleições reuniram multidões em diversas capitais do País. “Dispostos a lutar, o povo mostrou que não vai aceitar a volta de um Brasil que trabalhe apenas para a elite econômica”, avalia Rodrigo Britto, presidente da CUT Brasília.
Em entrevista na China, em ocasião da reunião do G20, Temer adjetivou as manifestações contra seu governo como “mínimas”, além de declarar que o caráter desses movimentos eram antidemocráticos. “As 40 pessoas que estão quebrando carro? Precisa perguntar para os 204 milhões de brasileiros e para os membros do Congresso Nacional que resolveram decretar o impeachment”, disse ele durante a entrevista realizada no último sábado (3/8), desconsiderando que o verdadeiro placar do julgamento sem comprovação de qualquer crime de Dilma foi de 61 senadores contra 54,5 milhões de brasileiros que votaram nela para presidenta.
Ainda no sábado, o ministro golpista das Relações Exteriores, José Serra, classificou os atos como “mini mini mini mini mini mini”, em um exercício de miopia em favor do golpe.
As falas do presidente golpista e de seu ministro Serra foram motivo de chacota nas manifestações desse domingo. Na Paulista, em São Paulo, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), durante manifestação, também ironizou e chegou a “agradecer” Temer por ajudar a aumentar o público graças à fala. E foi na capital paulista que se registrou o maior número de manifestantes nesse domingo: cerca de 100 mil.
As manifestações também marcaram o dia 4 de agosto em outros estados. No Rio de Janeiro, cerca de cinco mil pessoas realizaram passeata desde Copacabana até o Canecão. Em Curitiba, no Paraná, aproximadamente quatro mil pessoas protestaram contra o golpe parlamentar e pediram o “Fora Temer”. A manifestação começou na Praça 19 de dezembro e seguiu para a Praça da Espanha, no Batel, um dos bairros nobres da cidade. O encerramento foi realizado na Boca Maldita, no centro de Curitiba. De acordo com a CUT Paraná, na próxima terça-feira (6) e quarta-feira (7) novas marchas serão realizadas na capital paranaense contra o golpismo. Em Salvador, Bahia, cerca de oito mil pessoas realizaram protesto nesse domingo. Eles saíram do Campo Grande, centro da capital baiana, em direção ao Farol da Barra.
Em Brasília, o Palácio da Alvorada também foi palco para protestos contra o golpista Michel Temer. Na manhã desse domingo, centenas de manifestantes realizaram café da manhã em frente à residência oficial da presidência da República, que ainda é habitada por Dilma. Os manifestantes levaram para o lanche cartazes de “Fora Temer”, “canalhas” e outras frases de ordem.
A sede pela democracia no Brasil também pode ser vista em outros países. Na última sexta-feira (2/9), o cantor Caetano Veloso realizou show nos arredores da igreja de Madeleine, em Paris, onde milhares de manifestantes se reuniram contra o presidente golpista e gritaram “Fora Temer”, inclusive Caetano. O vídeo do ato foi viralizado após o ator francês Vincent Cassel publicá-lo em sua conta no Instagram, nesse domingo (4).  (Veja aqui)
Repressão policial
Pelos episódios de violência, a ordem dos golpistas é de que os gritos de “Fora Temer” sejam duramente reprimidos pela Polícia Militar, que não vem economizando balas de borracha, bombas, cassetadas e outros tipos de agressões gratuitas contra aqueles que se posicionam em defesa da democracia.
Em São Paulo, já no fim do ato desse domingo, a PM de Geraldo Alckmin (PSDB) jogou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar o fluxo dentro e fora da estação Faria Lima, em frente ao Largo da Batata. Pessoas que não integravam o ato também passaram mal dentro de ônibus e outros espaços que se tornaram alvo da truculência da polícia. Um jornalista da BBC Brasil recebeu golpes de cassetete mesmo estando identificado como jornalista.
Na capital paulista, no último dia 31 de agosto, uma jovem foi atingida no olho esquerdo por estilhaços de bomba atirada pela polícia durante manifestação contra o impeachment, e ficou cega.
O ataque da Polícia Militar, que em tese deveria atuar pela segurança da população, vem sendo realizado em diversos estados para tentar reprimir o “Fora Temer”. “Não acabou, tem que acabar, eu quero o fim da Polícia Militar”, respondem os manifestantes.