Manifestações de mulheres contra o feminicídio e a violência ocupam as ruas do país

Neste domingo, 7 de dezembro, milhares de mulheres tomaram as ruas de várias cidades do país em um movimento nacional de mobilizações que denunciou a escalada do feminicídio. Os protestos também reafirmaram a urgência de enfrentar todas as formas de violência de gênero. Convocados por coletivos feministas, movimentos sociais e organizações de mulheres, os atos ocorreram na maior parte das capitais e no Distrito Federal para exigir justiça, segurança e reafirmar que a sociedade não tolerará a impunidade.
Com o lema “Basta de feminicídio. Queremos as mulheres vivas”, as manifestações reuniram mulheres, homens e crianças em ao menos 20 estados, de acordo com o movimento Levante Mulheres Vivas. Em São Paulo, o protesto no Masp, às 14h, concentrou cerca de 9,2 mil pessoas, segundo levantamento do Monitor do Debate Político do Cebrap em parceria com a USP. No Rio de Janeiro, centenas se encontraram ao meio-dia no Posto 5, em Copacabana.
Outras capitais registraram mobilizações expressivas. Em Brasília, dezenas de grupos independentes ocuparam a Feira da Torre de TV a partir das 10h. Em Belo Horizonte, o ato teve início às 11h na Praça Raul Soares. Houve manifestações também em Curitiba, Campo Grande, Manaus, São Luís, Teresina, Florianópolis, João Pessoa, Recife e Campinas, entre outras cidades.
Onda de crimes recentes intensifica indignação
A força da mobilização nacional reflete uma sucessão de feminicídios que chocou o país nas últimas semanas. No Distrito Federal, o assassinato da cabo do Exército Maria de Lourdes Freire Matos, de 25 anos, encontrada carbonizada na sexta-feira (5), ganhou grande repercussão após o soldado Kelvin Barros da Silva confessar o crime. Em São Paulo, a tentativa de feminicídio contra Tainara Souza Santos, atropelada e arrastada por cerca de um quilômetro, gerou revolta. No Rio de Janeiro, o homicídio de duas funcionárias do Cefet-RJ, cometido por um funcionário da instituição, ampliou o clima de alerta.
Nos atos, familiares e participantes prestaram homenagens e lembranças às vítimas. Em Santa Catarina, manifestantes citaram o feminicídio da professora Catarina Kasten, estuprada e assassinada em novembro. Em Teresina, calçados vazios simbolizaram as vidas interrompidas pela violência, e a estudante Janaína Bezerra foi lembrada em cartazes e falas ao microfone. Em diversas cidades, faixas com frases como “Não queremos flores, queremos viver!” sintetizaram o sentimento coletivo.
Estatísticas expõem gravidade da crise
A dimensão da violência de gênero no Brasil segue alarmante. Em 2025, o país já ultrapassou 1.180 feminicídios. Em 2024, foram 1.459 registros, média de quase quatro mulheres assassinadas por dia em crimes motivados por gênero.
O Mapa Nacional da Violência de Gênero estima que 3,7 milhões de mulheres sofreram um ou mais episódios de violência doméstica nos últimos 12 meses. O canal Ligue 180 realiza quase 3 mil atendimentos diários. No Distrito Federal, somente em 2025, foram registrados 26 feminicídios.
Organizadoras e especialistas presentes nos atos reforçaram a importância do acesso às medidas protetivas. Elas lembraram que o pedido pode ser feito na Polícia Civil, presencialmente ou pela Delegacia Eletrônica, e deve ser analisado pelo Judiciário em até 48 horas. O descumprimento da medida é crime, com detenção prevista em lei.
Com forte participação social, o movimento feminista colocou novamente no centro do debate público a urgência de políticas de proteção, prevenção e responsabilização. As mobilizações deste domingo reforçam que não haverá paz no país enquanto o feminicídio seguir vitimando mulheres todos os dias.
Veja abaixo imagens da participação da CUT na manifestação em São Paulo
Fonte: CUT
