Luta do magistério público do DF é luta da classe trabalhadora

A defesa da greve dos(as) professores(as) e orientadores(as) educacionais das escolas públicas do Distrito Federal ultrapassa qualquer disputa orçamentária. É um movimento que une trabalhadores do serviço público e privado na defesa de conquistas históricas, como o direito de greve e a garantia dos direitos humanos.

Reunidos no auditório do Sinpro nesta terça-feira (3/6), em ato organizado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT-DF), dezenas de líderes de sindicatos, movimentos sociais, como o MST, e do movimento estudantil afirmaram que a garantia de uma educação pública de qualidade em um DF e um Brasil marcados por desigualdades históricas é uma questão de equidade e emancipação.

Em todas as falas, a denúncia das ações inescrupulosas do governo Ibaneis-Celina e da secretária de Educação, Hélvia Paranaguá, que, antes mesmo de iniciar a paralisação do magistério público, judicializaram a greve, quiseram criminalizar o movimento e espalharam via imprensa embustes que vêm sendo, diariamente, desmascarados.

“Nós nos importamos com a nossa população. É por ela que estamos em greve. Uma educação de qualidade depende da valorização de seus profissionais. Não valorizá-los é estratégia para impedir que os filhos da classe trabalhadora tenham oportunidades e pensamento crítico”, disse a diretora do Sinpro Márcia Gilda.

O ato de solidariedade à greve dos(as) professores(as) e orientadores(as) educacionais dessa terça (3/6) se desdobrou em outras ações conjuntas. A realização de manifestação com trabalhadores de todas as categorias será encaminhada ao Comando de Greve da Educação para que seja organizado ato/aula histórico.

Decisão abusiva
A partir de motivação do governo Ibaneis-Celina, com o aval da secretária de Educação, Hélvia Paranaguá, a desembargadora do Tribunal de Justiça do DF e Territórios Lucimeire Maria da Silva decidiu aplicar multa de R$ 1 milhão por dia de greve, além do corte de ponto de quem aderir ao movimento paredista.

Em sua decisão, feita às pressas, a desembargadora afirma que a deflagração da greve é abusiva. Segundo ela, o movimento que luta por uma educação de qualidade pode causar danos e prejuízos imediatos a toda rede pública de ensino.

“Apenas no ano passado, essa desembargadora, escandalosamente, recebeu R$ 1,3 milhão de salário, o equivalente a 16 anos de vencimento básico de um professor. Isso sim é abusivo”, disse o presidente da CUT-DF, Rodrigo Rodrigues.

Para ele, a luta da do magistério é mais do que justa e vai além das pautas inseridas na campanha salarial da categoria. “Queremos justiça social, valorização da escola pública, e educação de qualidade para a classe trabalhadora.”

O presidente da CUT Brasil, Sérgio Nobre, participou do ato de solidariedade dessa terça (3/6) e afirmou que a tentativa de cerceamento do direito de greve sob a alegação de “serviço essencial” é um movimento realizado em vários estados do país governados por ultraliberais. Para ele, é urgente que a classe trabalhadora se atente a essa realidade e se organize.

“Se é essencial (o serviço), tem que ter negociação. Se achar que com repressão e ameaça econômica vai impedir a luta, não vai, porque a gente sabe que a luta é justa”, alertou Nobre.

Por vídeo, o professor e representante dos trabalhadores brasileiros na Organização Internacional do Trabalho (OIT), Antonio Lisboa, disse que vai apresentar à agência multilateral vinculada à ONU denúncia contra os abusos cometidos pelo governo Ibaneis-Celina à greve dos(as) professores(as) e orientadores(as) educacionais do DF.

Solidariedade
A diretora da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) Rosilene Corrêa lembrou no ato desta terça-feira (3/6) que os(as) profissionais do magistério público do DF contribuem para a formação crítica e intelectual de meio milhão de pessoas. “Portanto, é, sim, uma luta da classe trabalhadora”, afirmou
“Essa solidariedade que vemos aqui não é só com esta entidade (Sinpro), mas com a educação, que é a solução para a sociedade”, avalia a sindicalista.

A fala do dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Limpeza Urbana Raimundo Nonato foi uma das reflexões que devem ser feitas diariamente por todos e todas que precisam trabalhar para se sustentar – os que não são herdeiros. “Sem educação, o filho do gari vai ser gari, a filha da empregada doméstica vai ser empregada doméstica. É a educação que mostra um caminho de oportunidades pra gente”, analisa.

O apoio à greve da educação veio também de quem está atrás das carteiras nas salas de aula. “Se o governo não tem compromisso com quem ensina, não tem compromisso com quem aprende. Esse é o pior governo que o DF já teve”, discursou a estudante Letícia Resende. Presidenta da União dos Estudantes Secundaristas do Distrito Federal (UESDF), ela foi aplaudida pelo auditório lotado.

Ainda participaram do ato os deputados distritais Gabriel Magno (PT), Chico Vigilante (PT) e Fábio Felix (PSol), além dos federais Erika Kokay (PT-DF) e Reginaldo Veras (PV-DF).

 

Matéria com participação de Marina Maria, da CUT-DF

 

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