Impacto da alta dos combustíveis deve começar nos próximos dias

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Portal CUT – Escrito por: Comunicação CUT-CE | Editado por: Samira de Castro

 

O trabalhador cearense deve começar a sentir, já nos próximos dias, o impacto do novo aumento de 5,1% no preço da gasolina e de 14,2%, anunciados na sexta (17) pela Petrobras, no valor do óleo diesel vendidos nas refinarias das distribuidoras de combustível da Petrobras. Itens como hortifrutigranjeiros e demais produtos alimentícios que são transportados para o Ceará serão os primeiros alvos da repercussão em cadeia da nova alta dos combustíveis praticada pelo governo de Jair Bolsonaro (PL). 

O alerta é do supervisor técnico do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos no Ceará (Dieese), Reginaldo Aguiar. “Na parte de alimentos, espera-se que isso tenha efeito rápido. Ainda esse mês, a gente vai ver produtos hortifrutigranjeiros com elevações, que já estão com os preços bastante altos”. comenta.

Segundo o economista, o repasse mais imediato vai ser em cima daqueles produtos que têm peso do frete elevado. É o caso de hortaliças, frutas, verduras, carne e ovos, que são adquiridos pelos supermercadistas com maior frequência, em função da perecibilidade. No caso dos itens industrializados, como o varejo trabalha com estoques, o repasse tende a ser ao longo dos próximos 30 dias.

O supervisor técnico do Dieese alerta para a possibilidade de alta antecipada e generalizada nos preços, como uma espécie de medida preventiva por parte dos agentes econômicos. “Por conta das incertezas, os agentes econômicos, para poder se precaver de perdas, já começam a elevar preços significativamente antes (dos repasses), exatamente para se proteger, porque sentem que vai ter um efeito em cadeia”.

“Isso foi muito comum na década de 1980 e, devagarinho, estamos vendo esse comportamento voltar para a economia brasileira agora”, destaca Aguiar.

Transportes são segundo item com maior peso na inflação da RMF

De acordo com o Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), depois de Alimentação e Bebidas (22,1%), os gastos com Transportes são os que mais pesam no orçamento das famílias na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), com 18,6%, tendo por base a inflação oficial medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

“Desta forma, com mais um reajuste dos combustíveis, é certo que a inflação continuará pesando no bolso da classe trabalhadora nacional e cearense, em função dos repasses para os preços dos alimentos, bebidas e transportes”, alerta o presidente da CUT Ceará, Wil Pereira.

Gasolina acumula alta de 31% e diesel, de 68%, em 2022

Em vigor desde sábado (18), o reajuste elevou a gasolina em R$ 0,15 por litro, enquanto o diesel teve variação de R$ 0,63 por litro. Só em 2022, a gasolina vendida pela Petrobras acumula alta de 31%. Já o diesel tem 68% de aumento.

Wil Pereira destaca que, embora o discurso do presidente seja de colocar a responsabilidade nos governadores, os seguidos aumentos de preços dos combustíveis são fruto da política econômica rentista de Bolsonaro e Paulo Guedes. “O governo federal, sócio-controlador da Petrobras, tem seis dos 11 membros do Conselho de Administração da estatal e poderia gerir a empresa preservando o interesse da população, mas prefere manter os lucros dos acionistas, que são os principais beneficiados com os aumentos constantes”, explica.

Habitação e transportes puxaram alta da inflação oficial na RMF

O IPCA na RMF apresentou forte aceleração em maio de 2022, fechando em 1,41%, bem acima do 0,98% em abril. A inflação oficial na RMF este ano já atinge 5,69% e, em 12 meses, 11,89%. O índice nacional em maio ficou em 0,47%, no ano em 4,78% e em 12 meses atingiu 11,73%.

Os dados estão no Termômetro da Inflação, publicado pelo Ipece, órgão vinculado à Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag) do Governo do Estado do Ceará.

Em maio último, todos os grupos tiveram alta de preços, com destaque para a habitação e transportes, com altas de 2,59% e 2,20%, respectivamente. No caso de transportes, a alta na região foi puxada pelas passagens aéreas (17,64%) e gás veicular (18,05%).

Fonte: CUT