GDF escolhe negligenciar pandemia da covid-19
Ambiente claro, limpo, arejado e com todos os materiais necessários para reduzir as chances de disseminação da covid-19. Esse é o cenário apresentado pelo Governo do Distrito Federal em propaganda sobre o retorno presencial às aulas, veiculada na rede aberta de televisão. A realidade, entretanto, lamentável e assustadoramente, se faz no avesso do que tenta induzir o governo distrital.
“Fico feliz por saber que vamos estar todos protegidos neste reencontro”, diz de forma tranquila e segura a protagonista da peça publicizada pelo GDF. Enquanto isso, antes mesmo dos estudantes voltarem às salas de aula, uma professora do Recanto das Emas retomou as atividades presenciais no último dia 2 pela manhã e, no mesmo dia à tarde, foi internada com 50% do pulmão comprometido por complicações geradas pela covid-19. Em Santa Maria, no CEI 416, a vice-diretora, que esteve com toda a equipe escolar, também testou positivo. No Caic de São Sebastião já foram diagnosticadas duas professoras com a doença, e no CEF 15 do Gama há três casos de suspeita de infecção pelo vírus. Uma infeliz prova de que o senso de realidade que o GDF aparenta ter é pavimentado na negligência de um cenário caótico, marcado pelo medo, pela insegurança, pelas dificuldades e por perdas irreparáveis.
Não se espera do GDF ações mirabolantes e inalcançáveis. Diante da determinação do retorno presencial às aulas em meio à pior crise sanitária do século, o pleito está praticamente restrito ao óbvio, com a realização de campanha educativa ampla e sincera com a sociedade. Um material com o qual a comunidade escolar tome ciência da gravidade do problema que persiste há quase um ano e meio. Aliás, um problema que exige sim de cada um de nós colaboração, atenção e consciência, mas, sobretudo, exige do Estado ações firmes, pontuais e responsáveis em defesa da vida.
Enquanto o GDF espalha desinformação ao apresentar um cenário utópico à sociedade do DF, gestoras/es se preocupam com salas de aula sem ventilação, escolas sem recursos humanos, sem lavatórios e com redução de pessoal dos serviços gerais.
Negligenciar a pandemia da covid-19 é banalizar o medo, a insegurança, a tristeza de um povo que todos os dias corre o risco de perder a própria vida ou mesmo alguém que ama. Essa postura jamais será aceita pelo Sinpro-DF e pela categoria do magistério público do Distrito Federal, que estão mobilizados para, a qualquer momento, suspender as atividades presenciais iniciadas no dia 2 de agosto.
“Eu estava morrendo de saudade dos meus alunos”, diz a protagonista da propaganda do GDF sobre o retorno às aulas presenciais. Aqui, do outro lado da tela, essa saudade é real, e a cada instante, aumenta um pouco mais. É justamente por esse carinho que trazemos no peito por cada uma de nossas crianças e adolescentes, pelos nossos colegas de trabalho e por toda a comunidade escolar, que temos que lidar com a realidade com a seriedade que ela exige.
Vacina no braço, comida no prato e escola segura. É isso que queremos. A luta é pela vida.
Diretoria Colegiada do Sinpro-DF
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