Esforço e acaso

É tão certo na obtenção de sucesso

quanto talento inato.

 

Para nós, proletários, nossa propriedade é a nossa disciplina e ninguém nos tira.

Depende de nós, exclusivamente de nós, o resultado da nossa luta.

Por mais assustadora que seja essa ideia

e sem glorificar o sofrimento.

Esta é a justa medida.

 

Teimar para que se cumpra a lei.

Teimar para que a meta 17 do PDE seja cumprida

e sem perder a ternura.

 

Não precisamos convencer o governador, infelizmente, ao que tudo indica,

ele não teve uma educação libertadora e, portanto, sonha em ser opressor

Porque demonstra governar apenas para os opressores.

Mas, professor que sou, crente na transformação humana, quero estar enganado.

 

Acredito no poder do diálogo e do convencimento e para tal, trago alguns temasara nossa reflexão coletiva enquanto categoria no diálogo com a sociedade:

  • Educação não é gasto, é investimento;
  • Educação é remédio efetivo contra a morte e o sofrimento humano;
  • Inteligência Artificial nunca substituirá a contento os professores.

 

Enquanto sociedade brasiliense, devemos combater alguns monstros reais que

nos atormentam. E tal qual um bom médico, devemos colocar o dedo na

Ferida se quisermos de fato salvar a vida do paciente.

 

Esse monstro tem nome e sobrenome: apagão docente.

Para quem não conhece o conceito, é a pura falta de interesse pela nobre e indispensável profissão do magistério.

 

A arma para vencer esse monstro também é conhecida e de complexo não tem nada, como aponta Rosilene Corrêa, em artigo publicado na CNTE: Precisamos de forte investimento em educação perpassando, como condição sine qua non, pela valorização da profissão. Que poderíamos entender pelo tripé: boa infraestrutura, boa formação continuada e bons salários.

 

É bom dizer que alegar falta de recursos é uma desculpa tão esfarrapada

quanto um aluno dizer que não trouxe o dever de casa porque

o cachorro comeu.

 

O que realmente falta é a vontade política de melhorar nossa cidade pela educação.

Porque dinheiro é o que não falta, lembrando que vivemos na atual era do conhecimento.

Eu posso demonstrar isso para o leitor e a leitora, caso ainda esteja em minha companhia.

Por exemplo, se tivéssemos um transporte público gratuito e de qualidade, algo que é factualmente possível hoje, não precisaríamos gastar um centavo em alargamento de vias. E de quebra não perderíamos o tempo precioso de nossas vidas em engarrafamentos desnecessários…

Estaríamos combatendo os malefícios da mudança climática de maneira efetiva e não com meros paliativos que apenas tiram o nosso sentimento de culpa por estar consumindo.

 

Agora imagine um cardiologista que, ao receber um paciente fumante, o

tranquiliza dizendo que ele pode continuar fumando porque ele

fará três pontes de safena em seu coração. Essa é uma possível analogia sobre o

alargamento das vias. O que precisamos fazer é parar de usar transporte individual para o dia a dia. Ou seja, precisamos é parar de fumar.

Essa é uma boa resolução de ano novo, lembrando que 2025 acabou

de começar, afinal passamos pelo Carnaval.

 

Sejamos esforçados e dóceis com o acaso, tal qual devemos ser ao tocar um novo instrumento musical, ou adotar um novo regime alimentar e de exercícios. Nossas chances de sucesso aumentam com essa lógica.

Também na luta política se adotarmos essa estratégia.

 

Para terminar, eu gostaria de dizer o que faria com um possível salário de R$ 18.883,09, que deveria ser o meu salário, de acordo com a tabela salarial com base na minuta discutida e publicada em 2022:

  • Pagaria minhas dívidas no BRB;
  • Faria uma poupança no BRB para alguma imprevisibilidade;
  • Iria no osteopata (profissional que cuida da dor);
  • Faria um churrasco vegano para uns amigos;
  • Faria aula de forró e samba;
  • Compraria um atabaque e um timbal;
  • Encomendaria roupas com uma amiga costureira;
  • Compraria mais cerveja de ambulante;
  • Compraria mais cachorro-quente de ambulante;
  • Chamaria meus amigos para comemorar meu aniversário;
  • Tiraria todos os meus projetos engavetados por falta de dinheiro;
  • Faria aula de espanhol visando poder dar aula a estudantes refugiados;
  • Incentivaria mais pessoas a prestarem o concurso para professor/a, o que ajudaria na difícil tarefa de atuar no desenvolvimento sustentável, responsável e ético da nossa cidade. Atuando na formação de aproximadamente 500 mil jovens, com o intuito de superarmos, para início de conversa, as mazelas que assolam a nossa população decorrente da falta de acesso aos recursos econômicos.

Por Pedro Artur Melo

pedroartur@gmail.com

@mpedroartur