Professor de Planaltina transforma paixão pelo gótico em literatura

Há autores que escrevem com luz. E há os que preferem acender o mundo pelas bordas da sombra. Edval Lemoine pertence ao segundo grupo e conduz o leitor por narrativas em que beleza, melancolia e mistério respiram do mesmo fôlego. Professor de história da rede pública de ensino do Distrito Federal, Edval Gonçalves de Andrade, atualmente é coordenador no Centro Educacional nº 03 do Jardim Roriz (CED 03 do Jardim Roriz), em Planaltina, e concilia o trabalho pedagógico com a produção de romances góticos e fantásticos.

Com a assinatura “Edval Lemoine” nas suas obras, ele é tem diversas trilogias publicadas de forma independente e afirma que sua escrita nasce do diálogo entre a docência, a história e uma imaginação marcada pelo mistério. É desse ambiente que a literatura de Lemoine nasce como névoa antiga: densa, misteriosa e cheia de presenças que sussurram entre o real e o mítico. Em suas novas obras, o autor aprofunda um universo em que melancolia, magia, memória e escuridão caminham lado a lado, levando leitoras e leitores por paisagens marcadas por forças ancestrais e personagens que desafiam o tempo.

“Como professor de história, o mundo gótico faz parte dos conteúdos da Idade Média e Moderna e muitos colegas leram meus textos e me incentivaram a publicar”, conta. A formação em história e as influências literárias moldam sua obra. Ele conta que é leitor de narrativas sobrenaturais desde a infância e explica que sua inspiração vem de nomes como Horace Walpole, Álvares de Azevedo, Edgar Allan Poe e Stephen King. “Sempre li contos sobrenaturais”, confessa.

História: estética literária, memória viva e tempos góticos

Lemoine acrescenta que a formação em história é essencial na ambientação de suas narrativas: “A história nos permite viajar por todos os tempos e entender as produções sociais, políticas e culturais. Isso nos dá uma riqueza de informações — e algumas a gente se apaixona, como eu pelo romance gótico”. Os desafios sociais que observa no cotidiano escolar também atravessam suas histórias ficcionais. O autor reconhece que a realidade de Planaltina e arredores ecoa em seus enredos. “Meus temas são cheios de desafios e muitos personagens são minorias que não são compreendidas pela sociedade. Isso é comum no Brasil de antes e de hoje”, diz.

A conciliação entre escola e escrita acontece principalmente à noite, quando Edval encontra tempo e silêncio. Ele revela que a produção literária se tornou parte de seu bem-estar pessoal. “Percebi que à noite produzo mais; tenho mais ideias. Para mim é terapêutico e muito prazeroso”, explica. Mesmo sem editora, segue publicando por conta própria. “Lanço meus livros pelo Clube de Autores, sem custo, mas todas as etapas — escrever, criar imagens, diagramar — eu mesmo faço. As dificuldades são econômicas e de divulgação”.

A identidade gótica marca sua jornada como escritor. Edval resume sua estética literária em uma única palavra: gótico. “No sentido romântico, com cenários sombrios, mistérios, personagens conflitantes, magia e criaturas sobrenaturais”, descreve. Os planos literários do autor incluem novas trilogias e a continuidade de reflexões sobre a condição humana. Sua obra mais recente, O Voto Sagrado das Bruxas, foi lançada há 3 meses e reforça esse caminho. “Minhas ideias são cheias de questões psicológicas que levam o leitor a refletir sobre si mesmo e a sociedade”, afirma.

Ele também trabalha em um novo projeto: “Estou escrevendo uma trilogia chamada As Nakrates – As Primeiras Bruxas, seguindo o estilo gótico, com amor, dúvidas, maldições, magia, conflito psicológico, anti-heróis, muita névoa, noites longas e dias curtos.” Edval acrescenta que sua trajetória no magistério continuará influenciando o que escreve. “Tudo começou na educação. Agora quero priorizar também minha carreira de escritor e recebo muitos elogios que me motivam a continuar”.

Biografia do autor 

Edval Lemoine é escritor e pesquisador do imaginário fantástico. Dedica-se à criação de universos literários marcados por atmosfera sombria, mitologia própria e personagens que transitam entre magia, memória e destino. Suas obras exploram temas como ancestralidade, espiritualidade, mistério e a relação humana com o desconhecido. Autor independente, participa ativamente de comunidades literárias e mantém produção contínua de romances, contos e séries ambientadas em mundos fantásticos.

Obras disponíveis em: https://clubedeautores.com.br/books/search?where=books&what=Edval+Lemoine+

Obras publicadas 

Lady Elvira e a Maldição da Capa – Parte I se passa em um castelo erguido sobre um penhasco onde o tempo parece suspenso e a luz raramente alcança as pedras antigas. Entre nevoeiros que sussurram e confundem, vive Lady Elvira, marcada por visões e por uma herança que desafia a razão. A chegada de um cavaleiro misterioso, envolto em uma capa negra, a conduz ao centro de uma profecia ancestral. Entre sombras, véus e pactos de sangue, ela aprende que nem todo sagrado protege e nem todo mal deseja ruína. O destino entre luz e trevas recai sobre suas mãos. 

Lady Elvira e a Maldição da Capa – Parte II – A beleza da melancolia apresenta a figura enigmática de Lady Elvira, envolta em segredos, beleza melancólica e elementos sobrenaturais que dominam Peña Roja. A personagem, marcada pela ambiguidade entre luz e escuridão, atrai medo e fascínio enquanto a narrativa explora sua aura mística e a possível maldição que a acompanha desde o nascimento.

Lady Elvira – A menina sem passado acompanha a busca de Elvira pelas origens de sua própria história. Com poucos fragmentos da infância e o silêncio doloroso do pai, ela é convocada ao castelo de Montségur, onde forças antigas e misteriosas a aguardam. A jornada pelos Pirineus a conduz a revelações que atravessam morte, tempo e identidades ocultas.

Lady Elvira II Montségur e a estrada maldita se aprofunda nas forças antigas que moldam o destino da protagonista. O uivo de um lobo morto ecoa pelo vale quando Elvira desce como se fosse conduzida pelo vento, seus olhos ardendo como brasas vivas. No chão, Jacques de Molay jaz ferido, o sangue contrastando com a neve que cai em flocos espessos. Aldéric, trêmulo, apenas sussurra que o monge enfrentado não pertence a este mundo, vindo de terras onde pecados não têm nome. Elvira se ajoelha ao lado de Molay, segurando sua mão enquanto o calor se dissolve, e promete que sua hora ainda não chegou.

Lady Elvira III – O retorno de Varkanos mostra a protagonista em plena ascensão de seus poderes no castelo de Peña Roja, em um ambiente onde o sobrenatural se manifesta de modo crescente. Portas se movem sozinhas, chamas reagem à sua presença e o retorno de Varkanos traz novos perigos. Entre noites suspensas e rituais ocultos, Elvira se vê diante de escolhas que definem sua posição entre o humano e o sobrenatural.

O Voto Sagrado das Bruxas – A rainha esquecida se passa na vila de Triora e apresenta a figura ancestral de uma velha conhecida apenas pelos corvos e pelos sussurros da população. Quando ela retorna em forma espiritual para convocar Greta, a comunidade mergulha em medo e superstição. A neblina espessa, o sermão inquieto do padre Dalibor e os rumores de forças das trevas criam uma atmosfera de tensão psicológica e elementos clássicos do mito das bruxas.