CUT não troca mínimo maior por correção da tabela do IR

Primeiro a chegar para a reunião com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho – encarregado pela presidente Dilma Rousseff de negociar com as centrais sindicais -, o presidente da CUT, Arthur Henrique, disse ontem rejeitar a proposta de troca do reajuste do salário mínimo para R$ 580, 00 pelo reajuste da tabela do imposto de renda. Segundo Arthur Henrique, já haviam sido reconhecidos como direito dos trabalhadores no governo Lula o aumento real do salário mínimo e o reajuste da tabela do imposto de renda. “Queremos a manutenção do que já existe e obter algo mais agora”, disse.
O dirigente reconheceu que esta é a primeira reunião de negociação, mas avisou que não aceita o discurso de que o salário mínimo causa problema para a economia ou de que ele possa causar inflação. “Isso era discurso de governos passados”, afirmou. Ele defendeu que o tema seja discutido entre governo e centrais sindicais, deixando para o Congresso apenas a ratificação. “Isso não pode ir para o Congresso porque senão vai virar outro leilão como aconteceu nas vezes anteriores”, disse. Segundo Arthur Henrique, não dá para o trabalhador não receber nenhum reajuste real do salário mínimo, se tornando o responsável pela crise. Ele afirmou que nem governo, nem empresários, nem trabalhadores são responsáveis pela crise, mas lembrou que os empresários foram beneficiados com redução de impostos e aumento de crédito. Política que considerou acertada pelo governo Lula. “Mas, na hora do salário mínimo, queremos que enxerguem a situação de 49 milhões de trabalhadores que precisam de aumento real de seus salários”, disse.
Imposto de Renda – Gilberto Carvalho disse que o governo admite a correção da tabela do imposto de renda em 4, 5%. Segundo ele, é intenção do governo seguir corrigindo a tabela pelo núcleo da meta inflacionária que é de 4, 5%. Sobre reajuste dos aposentados, o ministro lembrou que não houve perda para eles. Ele ressaltou, no entanto, que essa discussão tem que ser feita com “a devida calma”. Sobre a desoneração da folha de pagamento, Carvalho disse que é legítima a reivindicação, mas ressalvou que o governo não quer continuar discutindo com as centrais sindicais apenas propostas pontuais. “Queremos um fórum permanente de conversas”, lembrando que foi marcada uma nova reunião para o dia 2 de fevereiro.

Sem acordo – Ao final da reunião, que terminou sem acordo, os sindicalistas disseram que a reunião apenas marcou o início de uma discussão das centrais sindicais com o Planalto. “O governo quer manter a política de valorização do salário mínimo. E isso nós também queremos. O que não tem acordo é que queremos uma excepcionalidade em relação a 2011”, disse Artur Henrique.
Pelo critério do governo – que considera a inflação mais o crescimento do PIB de dois anos anteriores -, o salário mínimo seria reajustado para R$ 545, 00, mas os sindicalistas querem R$ 580, 00, argumentando que houve perdas desde a crise financeira de 2009 que precisam ser recuperadas.
Com informações da Agência Estado