CUT e demais centrais pressionam BC e governo por redução da taxa de juros
A data escolhida para a manifestação não foi à toa. O Comitê de Política Monetária (Copom) iniciou nesta terça sua última reunião do ano para definir a taxa Selic. Em outubro deste ano, o Copom elevou a taxa básica de juros de 9% para 9,5% ao ano. É o quinto aumento seguido desde abril.
“Com os juros altos os bancos lucram muito mais. O aumento da taxa Selic só interessa aos bancos e à especulação no mercado financeiro e não à classe trabalhadora, que é prejudicada com o aumento dos juros”, declarou Vagner Freitas, presidente nacional da CUT.
“Nosso ato é para cobrar o Banco Central e o Governo Federal para que baixem os juros e invistam mais recursos em políticas públicas como Saúde, Educação, Segurança, Moradia e não no rentismo, como é a prática da política atual”, criticou Carlos Cordeiro, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhares no Ramo Financeiro.
Nova taxa será anunciada nesta quinta-feira (27)
A expectativa de alguns analistas do mercado financeiro é de que haverá elevação de 0,5%, o que totalizaria 10% no ano. O BC se utiliza deste instrumento como forma de controle da inflação. Quando a taxa está alta, ela favorece a queda da inflação porque freia o consumo, já que os juros cobrados nos financiamentos, empréstimos e cartões de crédito ficam mais altos. Por outro lado, quando está baixa, favorece o consumo, visto que empréstimos ou financiamentos ficam mais baratos, pois os juros cobrados nestas operações ficam reduzidos.
Segundo o presidente da Central, o argumento utilizado pelo Banco Central e por alguns economistas de que a taxa ajuda a controlar a inflação não reflete a realidade. “Combater a inflação com alta de juros gera mais desemprego e mais recessão. O que mais afeta a taxa de juros é o câmbio. O governo tem de resolver o problema do câmbio, não aumentar os juros. Já com a redução da taxa, o trabalhador e trabalhadora poderá consumir mais, ter mais acesso ao crédito – e isso gera emprego, gera produção, promove o desenvolvimento e a qualidade de vida do brasileiro”, reiterou.
“Nossa defesa é por desenvolvimento com distribuição de renda e melhores condições de vida para a classe trabalhadora e a atual política monetária não atende estas demandas”, argumentou Vagner.
Solidariedade
“Nossa militância não vai se calar enquanto não houver justiça. Não vamos permitir que ações arbitrárias, de cunho evidentemente político, sejam o retrato da justiça em nosso país”. Viemos aqui dizer não ao julgamento de exceção, enfatizou Vagner Freitas ao chegar no acampamento.
Mesmo sob chuva, a militância permaneceu no local e com punhos cerrados fez um gesto simbólico de resistência no portão do STF, em alusão ao de Genoino e Dirceu quando foram presos.
Escrito por: Paula Brandão, de Brasília