CUT define agenda de mobilização para 2026 em reunião da Direção Nacional

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A Direção Nacional da CUT, reunida em São Paulo, nesta terça-feira (9), aprovou o calendário de lutas para o primeiro semestre de 2026. O presidente nacional da CUT,  Sérgio Nobre, apresentou o panorama das ações e mobilizações previstas para o período, destacando que o ano começa marcado por uma disputa decisiva pela democracia, pela redução da jornada de trabalho e pelo fim da escala 6×1, além de campanhas sobre violência política, direitos das mulheres e fortalecimento da representação de trabalhadores no Congresso.

Sérgio Nobre reforçou que o ano de 2026 é um ano primordial para as lutas da classe trabalhadora. “Em 2026, a grande batalha é reeleger o presidente Lula por tudo que isso significa pra democracia do Brasil, não só no Brasil, no mundo”, afirmou o dirigente.

Ele ressaltou que a eleição brasileira será acompanhada pela classe trabalhadora dfo mundo todo e que isso amplia a responsabilidade de quem vota. “Como quem não é brasileiro não pode votar, a responsabilidade é nossa e nós vamos ter que discutir muito com a nossa base, com os trabalhadores, os locais de trabalho, a importância da eleição, politizar o nosso povo por tudo que ela significa”, disse Sérgio Nobre em referência à conjuntura mundial com as ofensivas da extrema direita em nível global.

Congresso Nacional

Sérgio Nobre também reforçou a necessidade de renovar a composição do Congresso Nacional em 2026. “Se a gente quer o fim da escala 6×1, nós precisamos eleger deputado que defende o fim da escala 6×1. Se nós queremos 40 horas, tem que eleger deputado que defende as 40 horas”, afirmou. Segundo ele, a atual correlação de forças dificulta a aprovação das pautas sindicais: “Hoje o Congresso Nacional é hegemonizado por pessoas que pensam o contrário.”

O presidente da CUT defendeu que o movimento sindical apresente candidatos de confiança às categorias. “O movimento sindical tem obrigação de mostrar para os trabalhadores quem são bons candidatos. A gente confia, e você vai ter orgulho do seu voto quando ele tiver eleito e atuando em defesa da classe trabalhadora.”

O presidente da CUT também lembrou que o processo eleitoral não diz respeito apenas a direitos trabalhistas, mas ao futuro institucional do país. “Não é só direito trabalhista, é a questão da democracia e a soberania do nosso país”, disse. Segundo ele, cabe aos sindicatos e às bases de apoio dialogar com as categorias sobre o risco da extrema direita e sobre o papel do movimento sindical em defesa do Estado democrático.

Agenda

Ao detalhar a agenda de reivindicações, Sérgio Nobre enfatizou que a redução da jornada para 40 horas semanais e o fim da escala 6×1 entraram de vez no debate público.

“A gente conseguiu mostrar pra classe trabalhadora que tá na hora de reduzir a jornada de trabalho. A jornada de trabalho que nós temos hoje é da década de 40. Tanta coisa mudou, tecnologia avançou”, afirmou. Ele reforçou que o tema precisa avançar também porque “a pessoa precisa ter pelo menos dois dias na semana para poder descansar”.

O dirigente destacou ainda que há um projeto de lei tratando da pauta, mas que ele só prospera se houver pressão constante.

Se não tiver mobilização nas bases, se não tiver essa mobilização de rua, se a gente não pressionar os parlamentares, é claro que o projeto não vai andar

– Sérgio Nobre

Por isso, ele diz, a CUT prepara para o início do ano uma grande semana de lutas, articulando ruas e redes sociais, por entender que “negociação é muito importante, mas ela tem que vir acompanhada de muita mobilização de massa”.

8 de janeiro

Ao apresentar as datas estratégicas de 2026, o presidente nacional da CUT disse que o dia 8 de janeiro precisa ser lembrado pela classe trabalhadora como marco de defesa da democracia.

“É uma data simbólica. Nós tivemos muito perto de um golpe que poderia levar um retrocesso extraordinário para a classe trabalhadora.” Ele recordou que a trama golpista previa violência política contra autoridades nacionais e que.

A gente viveu 64, a gente sabe o que que é perseguição aos dirigentes sindicais, é prisão, é extradição. Isso nós não queremos viver mais no nosso país

– Sérgio Nobre

Por isso, defendeu que sindicatos organizem atos e debates para marcar a data.

Dia Internacional da Mulher.

O 8 de março, Dia Internacional das Mulheres, será uma data emblemática em 2026. O presidente da CUT lamentou a escalada de violência de gênero no país. “Nós estamos vivendo no Brasil um momento muito triste. Todo dia é um assassinato de mulher de maneira bárbara que a gente vê.”

Ele citou casos recentes e afirmou que o tema não é apenas das mulheres. “Esse não é um problema que é só as mulheres que têm que tratar. É um tema dos homens”, disse, defendendo levar o debate “para as portas de fábrica, pros locais de trabalho” e construir uma grande campanha que “desemboque no 8 de março com essa pauta que é de fundamental importância”.

Jornada para o 1º de Maio

Ainda na agenda de mobilização para 2026, Sérgio Nobre também anunciou que, em abril, haverá uma jornada nacional que culmina em uma grande marcha em Brasília, prevista para 15 de abril. A ação reunirá trabalhadores de todo o país e servirá para apresentar ao presidente da República, ao Congresso Nacional e ao Judiciário uma atualização da pauta trabalhista. “É importante que a marcha seja muito grande, porque a gente precisa mostrar a força política da classe trabalhadora”, afirmou.

O calendário culmina no 1º de Maio, Dia Internacional da Classe Trabalhadora, que deverá ter caráter massivo e descentralizado. “No Brasil, que tem um presidente operário, nós temos obrigação de fazer primeiro de maio no Brasil inteiro, não só nas capitais. Levar pro interior também, porque é um momento de politização do nosso público”, disse.

Sérgio Nobre ainda deixou uma mensagem de luta para a militância cutista. “Organização e pressão: é isso que vai definir 2026”, disse.

Fonte: CUT