Cúpula dos Povos começa em Belém com barqueata pela justiça climática

A Cúpula dos Povos, evento da sociedade civil paralelo à 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), começou nesta terça-feira (12) com uma barqueata pela Baía do Guajará, em Belém, reunindo milhares de manifestantes em defesa da Amazônia e da justiça climática. O manifesto fluvial abriu oficialmente o encontro que reúne mais de mil movimentos sociais e organizações populares de 62 países.
Manifesto fluvial marca abertura do evento em defesa da Amazônia
Cerca de 200 embarcações participam do ato, que percorre cerca de sete milhas náuticas entre a Universidade Federal do Pará (UFPA) e a Vila da Barca, uma das áreas mais vulneráveis da capital paraense. O trajeto, marcado por cantos, cartazes e faixas, é um “manifesto fluvial” das populações que vivem e resistem nas águas e nas florestas da Amazônia.
Entre os participantes estão lideranças indígenas e ribeirinhas de diversas regiões do país, como o cacique Raoni Metuktire e a ativista Alessandra Korap Munduruku, que chegaram a Belém após uma jornada de mais de 3 mil quilômetros na chamada “Caravana da Resposta”. O grupo defende que o enfrentamento à crise climática global deve passar, necessariamente, pelo fortalecimento dos povos tradicionais e pela proteção dos territórios ameaçados por grandes obras e pelo avanço do agronegócio.
Um contraponto às negociações oficiais da COP30
A Cúpula dos Povos segue até o próximo domingo (16) com uma ampla programação na UFPA, onde cerca de 15 mil pessoas estão credenciadas. O evento foi estruturado em seis eixos temáticos, entre eles, justiça climática, transição justa e direitos territoriais; e inclui mais de 200 atividades paralelas, organizadas por movimentos do Brasil e do exterior.
Inspirada em experiências anteriores desde a Rio-92, a Cúpula se coloca como contraponto à conferência oficial da ONU. Enquanto as negociações formais da COP30 se concentram em metas e números, os debates da Cúpula abordam “vidas, direitos e territórios”.
Carta de Declaração dos Povos será entregue à presidência da COP30
Nos próximos dias, os participantes vão elaborar a “Carta de Declaração dos Povos”, documento que reunirá propostas e demandas da sociedade civil. A carta será entregue no encerramento do evento ao embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, durante uma audiência pública.
O encerramento, marcado para domingo, inclui um “banquetaço” na Praça da República, com alimentos da agricultura familiar, e simboliza o compromisso da mobilização com a soberania alimentar e o direito à vida digna nos territórios. Para os organizadores, a Cúpula dos Povos é uma resposta coletiva à inércia dos governos e à urgência de um novo modelo de desenvolvimento que una justiça social e ambiental.
Fonte: CUT

