Conflitos escancaram escalada de violência nas escolas públicas

A crescente onda de violência e fundamentalismos nas escolas do Distrito Federal tem comprometido o ambiente acadêmico e gerado tensão no cotidiano de professores(as) e orientadores(as) educacionais, o que piora a qualidade de vida e as condições de trabalho da categoria. Em diferentes unidades da rede pública, há registros de casos de assédio moral, agressões verbais e até físicas de estudante e familiares contra os(as) profissionais da educação. Somente no primeiro semestre deste ano, o Sinpro-DF recebeu pelo menos seis denúncias de ataques a docentes envolvendo estudantes e familiares.

Os casos foram registrados em escolas como o Centro de Ensino Médio Ave Branca (CEMAB), Taguatinga Sul; o Centro Educacional Vale do Amanhecer, Planaltina; o Centro Educacional 03 do Guará (CED 03); o Centro de Ensino Especial de Deficientes Visuais (CEEDV), Asa Sul; e o Centro de Ensino Médio Júlia Kubitschek (CEMJK). Também chegaram ao sindicato relatos de violência em escolas do Riacho Fundo e da Escola Técnica de Santa Maria.

Em algumas ocorrências, os episódios de violência partiram não apenas de estudantes, mas também de familiares. Em vários casos, o fator agravante foi a presença de fundamentalismos, sobretudo religiosos, que têm acirrado conflitos e desrespeitado o espaço escolar. Um exemplo desses casos de violência ocorreu, recentemente, no CED 03 do Guará, em que um professor foi hostilizado por estudantes e teve sua imagem exposta nas redes sociais, gerando uma repercussão distorcida dos fatos.

O vídeo que circulou nas plataformas digitais mostra o docente sendo verbalmente humilhado e agredido por um grupo de alunos. Um deles chega a ofendê-lo diretamente, o que desencadeou uma reação que, fora do contexto, viralizou.

A comunidade escolar, no entanto, se mobilizou prontamente em apoio ao professor. Em nota pública, professores(as) e o Conselho Escolar destacaram a conduta exemplar do professor Adão Aparecido de Oliveira, que atua há mais de duas décadas com dedicação à educação pública.

O Sinpro ressalta sua preocupação com essa sucessão de violências e afirma que, dentre os fatores que contribuem para essa situação alarmante, estão a falta do Batalhão Escola para garantir segurança nas adjacências das escolas, a ausência de punições mais severas para estudantes violentos, a falta de compromisso da família com a educação, além de questões sociais e econômicas. O sindicato manifesta sua solidariedade a todos(as) os(as) educadores(as) vítimas de violência nas escolas e cobra da Secretaria de Estado de Educação do DF (SEEDF) ações efetivas para garantir a segurança e a valorização dos profissionais.

Para isso, faz-se urgente fortalecer a gestão democrática para assegurar a integridade física, moral, emocional e profissional de quem atua no chão da escola e criar um ambiente de respeito mútuo e proteção a quem faz a escola pública acontecer todos os dias. Confira, a seguir, a carta de apoio da equipe docente do CED 03 do Guará ao professor Adão.

CARTA DE APOIO DO CED 03

Nós, Professores do Centro Educacional 03 – CED 03, pertencente à Coordenação Regional de Ensino do Guará – CRE, braço da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal – SEEDF, manifestamo-nos acerca da postura e do profissionalismo do Professor Adão Aparecido de Oliveira.

Ao longo de sua trajetória como Educador, ele sempre teve imagem e conduta ilibadas, comprometido com o seu ofício, há 22 (vinte e dois) anos na SEEDF, desde o ano de 2006, lotado nesta Unidade Escolar.

Ressaltamos que se trata de um Professor altamente preparado e correto nas suas atividades pedagógicas. Em nenhuma outra ocasião, há registros de quaisquer intercorrências envolvendo o docente em suas atribuições.

É questão de justiça que a comunidade escolar e as autoridades competentes levem em consideração o bom histórico do profissional.
Nunca tendo sido investigado em procedimentos apuratórios por má conduta nem por questão alguma.
A legislação avançou no quesito de filmagens em locais de trabalho, em especial de servidores públicos no exercício da função, caso da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) nº 13.709/2018, inclusive quanto ao uso de imagens e sua publicização.

Os membros do Conselho Escolar do Centro Educacional 03 – CED 03, Guará, órgão de natureza consultiva, fiscalizadora, mobilizadora, deliberativa e representativa da comunidade escolar, conforme estabelece a Lei nº 4.751, de 07 de fevereiro de 2012, corroboram a excelente conduta do Professor Adão Aparecido de Oliveira na execução de suas atividades pedagógicas: em sala de aula, nos projetos interdisciplinares e na convivência diária. Ele sempre teve postura respeitosa, colaborativa e irrepreensível em conformidade com o desenvolvimento das iniciativas escolares desta Unidade Escolar.

Portanto, o grupo de Professores do Centro Educacional 03 – CED 03 Guará manifesta apoio ao Professor. É fundamental que lhe seja garantido o direito ao contraditório e à ampla defesa em todas as esferas de apuração.

Por fim, os Professores do CED 03 colocam-se à disposição das autoridades para colaborar com a devida apuração em qualquer tempo.

Brasília, DF, 05 de julho de 2025.