Centro de Atendimento ao Surdo pede socorro

A Secretaria de Educação do Distrito Federal ameaça fechar o Centro de Atendimento ao Surdo (CAS), que funciona na Escola Classe 315 Sul. Sob o pretexto de “baixa procura” por parte dos deficientes auditivos, a SEE cortou a merenda escolar dos 124 alunos matriculados, acabou com o curso de português como segunda língua que era realizado no período noturno, reduziu pela metade o atendimento aos estudantes, e finalizou as aulas de artes, literatura e educação física. Indignada com a arbitrariedade e com a falta de compromisso do governo, uma comissão formada pelo Sindicato dos Professores no Distrito Federal (Sinpro-DF), por pais de alunos e pela deputada distrital Érika Kokay (PT) tenta impedir que a manobra da Secretaria feche o CAS, que é referência nacional no acompanhamento de surdos.
Em uma reunião com representantes da SEE na manhã de quinta-feira, 27, no anexo do Buriti, a comissão reivindicou uma atitude imediata. A Secretaria então propôs que o CAS seja anexado a outra escola até o final do ano, resolvendo assim a falta de merenda, o fim das gratificações dos professores e os problemas administrativos. Já o Sinpro se prontificou em enviar uma emenda à Câmara Legislativa do Distrito Federal, em 2010, propondo a criação do Centro. “Este projeto é pioneiro no Brasil e exporta conhecimento. Precisamos lutar para manter vivo este projeto para o bem dos alunos com deficiência auditiva”, salienta o diretor do Sinpro, Olavo Junior Medeiros.
Fruto de um projeto pioneiro, o CAS oferece curso de Libras (língua de sinais dos surdos) para a capacitação de professores, alunos e da própria comunidade, além do curso de português como segunda língua para os deficientes auditivos. “Hoje nós temos 124 alunos matriculados que não contam com lanche, com aulas suficientes e com uma infra-estrutura mínima para um bom aprendizado. Como o governo quer que os surdos se preparem para o mercado de trabalho sem aulas e professores capacitados?”, questiona Rita Preto, mãe de um aluno.
Prata da casa – A professora do Centro de Atendimento ao Surdo, Carolina Silva, é um dos exemplos de alunos que fizeram o curso de Libras e de português como segunda língua no CAS e hoje se destacam no mercado de trabalho. Cursando Letras Libras na Universidade de Brasília (UnB), a deficiente auditiva é enfática ao sinalizar que é preciso um trabalho diferenciado aos surdos. “Para se entrar no mercado de trabalho é necessário que o surdo tenha um acompanhamento pedagógico de qualidade. Com a diminuição das aulas e a falta de incentivo do governo, o nosso aprendizado fica comprometido”, lamenta Carolina. Os interessados em conhecer os trabalhos desenvolvidos pelo CAS podem visitar o Centro ou pegar mais informações pelo telefone 3901-2491.