Exposição do CEF Polivalente revela trajetos e desafios dos estudantes no DF

O Centro de Ensino Fundamental (CEF) Polivalente do Plano Piloto, realizou, nessa quarta-feira (12), a exposição “Caminhos escolares no DF”. A mostra é a culminância do projeto pedagógico “Narrativas e percursos geográficos: migrações pendulares dos discentes no contexto de uma escola pública do DF”, desenvolvido ao longo de 2025 com estudantes do 9º Ano.

A iniciativa é inédita na escola e foi conduzida pela professora de geografia Cláudia Caixeta da Silva Pinho, em parceria com o Programa de Mestrado Profissional em Geografia da Universidade de Brasília (PROFGEO/UnB). Segundo a professora, esta primeira edição do projeto foi suficiente para que ele passasse a integrar o Projeto Político-Pedagógico (PPP) da escola e, por ter ocorrido ao longo de todo o ano letivo, será incorporado ao PPP de 2026.

“Como o projeto ocorreu ao longo de 2025 e a culminância se deu agora, ele passa a integrar o PPP de 2026. Foi um trabalho construído com uma das turmas de 9º Ano — a turma da qual sou conselheira — embora o levantamento de dados sobre os trajetos diários tenha sido feito com todas as nove turmas do 9º Ano do Polivalente”, afirma.

O trabalho investigou os deslocamentos diários dos(das) estudantes, muitos deles e delas residentes em diferentes Regiões Administrativas do Distrito Federal (RAs) e também em cidades do Entorno. A proposta buscou compreender de que forma esses trajetos influenciam o aprendizado, o bem-estar e a experiência escolar.

Reconhecido como um espaço de diversidade, o CEF Polivalente reúne estudantes de variados contextos socioterritoriais — um verdadeiro “miniDistrito Federal” dentro da escola. Durante o projeto, os(as) estudantes produziram fotografias narradas, mapas mentais, registros cartográficos, além de participarem de rodas de conversa sobre moradia, tempo de deslocamento, meios de transporte e vivências cotidianas.

As narrativas e análises revelaram percepções sensíveis sobre a rotina de mobilidade, destacando desafios como engarrafamentos, longos tempos de deslocamento, dependência do transporte público, cansaço e até mesmo fome — fatores que, segundo os estudantes, impactam diretamente sua motivação e aprendizagem.

A exposição reuniu esse conjunto de relatos e produções e ofereceu ao público uma visão autêntica do olhar geográfico juvenil sobre os caminhos escolares no DF. Cláudia Caixeta destaca ainda que esta foi a primeira vez que o projeto foi realizado no CEF Polivalente e que a experiência deve gerar novos desdobramentos.

“É a primeira vez que realizamos esse projeto, inclusive na sua versão autoral original. A experiência foi tão significativa que planejamos lançar um e-book geográfico, ‘Caminhos Escolares no DF’, com previsão de publicação entre abril e maio do próximo ano, produzido junto com os estudantes que participaram diretamente da execução do projeto”, disse.

Ela afirma que o trabalho reafirma a potência da educação pública como espaço de escuta, análise crítica e formação cidadã. “A exposição reafirma o poder transformador da Educação Pública. Ao ouvir e valorizar as narrativas dos estudantes, mostramos que seus trajetos, vivências e desafios fazem parte do processo educativo. Compreender os percursos pendulares é compreender o território, a cidade e as desigualdades que impactam o cotidiano escolar. Foi uma experiência formativa profunda, sensível e necessária”.

A iniciativa reforça o compromisso do CEF Polivalente com práticas pedagógicas inovadoras e com a construção de uma consciência espacial crítica, aproximando o ensino de Geografia das vivências reais dos estudantes e fortalecendo sua formação cidadã.

 

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