CEF 306 Norte reforça práticas antirracistas na 11ª Mostra de Cultura e Diversidade

No Centro de Ensino Fundamental (CEF) 306 Norte, iluminar e enegrecer tornaram-se verbos de resistência: iluminar para revelar o que a história tentou apagar e enegrecer para devolver dignidade às memórias silenciadas pelo racismo estrutural. Foi nesse espírito que a escola realizou, no sábado (29/11), a 11ª Mostra de Cultura e Diversidade, intitulada “Iluminar e Enegrecer”, síntese de um trabalho pedagógico construído durante todo o ano letivo.

O evento é a culminância do trabalho orientado pelo eixo Educação para a Diversidade do Currículo em Movimento e pelas Leis nº 10.639/03 e nº 11.645/08, que tornam obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira, africana e indígena. A iniciativa mobilizou estudantes, professores(as) e a comunidade escolar, e, a cada ano se consolida como momento de reflexão, criação e valorização das ancestralidades que estruturam a cultura brasileira.

“A proposta ‘iluminar e enegrecer’ expressa o compromisso da escola em reconhecer e dar centralidade às histórias e saberes da população negra. Iluminar significa lançar luz sobre memórias, conhecimentos e contribuições invisibilizadas ao longo da história. Enegrecer significa tornar visível o que foi silenciado, reconhecendo a experiência negra como parte fundamental da formação social, cultural e identitária do país. Na escola, iluminar e enegrecer são ações pedagógicas, éticas e políticas que apontam para uma educação comprometida com justiça racial e democracia”, explica o diretor Pedro Pimentel Seabra.

Ele conta que a mostra apresentou trabalhos produzidos nas turmas durante o ano, os quais entrelaçaram diferentes componentes curriculares em um projeto interdisciplinar que integra o Projeto Político-Pedagógico (PPP) da escola. Participaram as áreas de língua portuguesa, com práticas de letramento, produção textual e rodas de leitura; história, com estudos sobre cultura afro-brasileira, desigualdades e ancestralidade; artes, com desenvolvimento de performances, produções visuais, música e trabalhos corporais; e educação física, com vivências em capoeira e práticas corporais de matrizes africanas. As exposições incluíram saberes e sabores de povos originários, personalidades e cientistas negros, além de painéis com dados estatísticos sobre racismo estrutural.

A programação contou ainda com apresentações artísticas, rodas de conversa e a Oficina de Letramento Racial. Um dos momentos de maior participação da comunidade foi o debate sobre “Racismo, diversidade e equidade: Qual o papel da escola?”, que reforçou a importância de fortalecer uma educação crítica e emancipadora desde a formação básica.

O diretor do CEF 306 Norte destacou que esta edição ampliou o debate sobre as diferentes manifestações do racismo, tanto de maneira objetiva, presente em dados e indicadores sociais, quanto de forma subjetiva, que afeta a construção das diversas identidades. Ele reforçou a relevância de enfrentar o racismo religioso, evidenciada em apresentações sobre a história e as expressões das religiões de matriz africana.

“Esta edição trouxe uma ênfase maior em como o racismo se manifesta não só de forma objetiva (a partir dos dados socioeconômicos) mas também de forma (subjetiva) na construção da identidade negra. Destacamos também a importância do combate ao racismo religioso, através de apresentações que trouxeram a história e representações de religiões de matriz africana”, informou.

Seabra afirma que o projeto fortalece o papel da escola pública como espaço de encontro e construção coletiva. “Muito se fala sobre a questão racial no Brasil, mas pouco se estuda sobre o tema. Em tempos de tanta desinformação, ódio e preconceito, é importante darmos um passo atrás e resgatarmos as vozes e a história daqueles que foram silenciados. O projeto reforça a importância da escola pública como espaço em que diferentes povos, histórias e culturas convergem. É nesse território comum que o diálogo se torna nossa principal ferramenta para promover entendimento e construir pontes para um mundo possível”, afirmou.

A Mostra de Cultura e Diversidade celebrou, mais uma vez, o percurso de estudo, reflexão e ação pedagógica desenvolvido ao longo de todo o ano. No CEF 306 Norte, educar é reparar, transformar e abrir caminhos para que toda a comunidade escolar avance em direção a uma sociedade mais justa, plural e democrática.

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