Ano letivo começa com déficit de mil professores

As escolas da rede pública do Distrito Federal começaram, nesta segunda-feira (29), o ano letivo de 2016. Apesar de não ter havido grandes ocorrências, a falta de professores preocupa a categoria, que garante haver grande falta de profissionais. De acordo com Cleber Soares, diretor do Sindicato dos Professores (Sinpro-DF), este ano contará com um deficit de pouco mais de mil docentes na rede pública. “O número de aposentadorias é bem maior do que o de contratações e o acompanhamento que fazemos com as escolas aponta uma carência grande de profissionais, principalmente nas áreas de exatas e nas primeiras séries”, informou. Apesar da constatação, a Secretaria de Educação, Esporte e Lazer (SE/DF) não divulgou dados oficiais sobre a situação.
Outro fator que pode prejudicar os estudantes, segundo Cleber, é o excesso de alunos em sala de aula. “São colocadas muitas crianças dentro de uma turma só. Não é para ser um depósito, mas um espaço para produzir o saber e o número de pessoas dentro das salas impacta o rendimento da turma.”
A falta de infraestrutura em muitas escolas também foi apontada como um problema pelo sindicato. “Um dos exemplos mais críticos é a Escola Classe Porto Rico, em Santa Maria, onde duas alas estão interditadas. As obras começaram há mais de um ano e já deveriam ter sido finalizadas”, reclamou. Falta de laboratórios, quadras poliesportivas e acessibilidade também incomodam docentes e alunos. “A  secretaria não apresentou nenhum projeto para resolver essas demandas. Fazem pequenos reparos, passam uma maquiagem, mas não atacam o problema”, disse.
Em nota, a Secretaria de Educação, Esporte e Lazer (SE/DF) afirmou que a rede de ensino está preparada para receber os alunos neste ano. Sobre os problemas de infraestrutura, a pasta afirmou que 152 unidades, as mais urgentes, recebem reparos desde 25 de janeiro. Em relação ao quadro de professores, a pasta informou, por meio de assessoria de imprensa, que tem autorização para contratar 4,6 mil temporários e convocou, no início deste ano, 159 docentes da educação básica, aprovados em concurso de 2013.
Nem tão ruim assim
Ao contrário do esperado, Domingos Oliveira, coordenador do CEF 01 do Cruzeiro, afirmou que não houve falta de professores. “A situação aqui está bem tranquila, sem problema algum. Não posso falar pelas outras escolas, mas temos professores suficientes.” Ele conta que o primeiro dia letivo foi tranquilo e contou com muitos alunos novos. “Fizemos uma recepção com cartazes de boas-vindas.” A professora de artes Mônica Neves Pereira começou o ano letivo animada. “Os alunos foram super receptivos e foi bem bonito porque nós estamos com um público novo. Muitos pais de escola particular transferiram os filhos pra cá e eles reagiram super bem”, contou.
Thamires Alves da Silva, 10 anos, aluna do 5º ano, começou o dia nervosa, temia conhecer a nova professora. “Me falaram que ela é muito brava. Mas agora tá tudo bem, ela não é tão ruim assim, ainda”, brincou. Colega de Thamires, José Yan de Almeida Souza, 9, também começou temeroso, mas já ficou mais tranquilo. “Acredito que este ano vai ser difícil, mas por enquanto está tudo bem. A maioria dos meus amigos continua estudando aqui, eu acho que vai ser bom”, apostou.
Campanha contra o aedes aegypti
A proliferação do mosquito da dengue, que também transmite a zika e a chicungunha, perto de áreas escolares é uma grande preocupação. Por isso, o sindicato dos professores lançou, na semana passada, uma campanha chamada “Vai dar zika” para chamar atenção para os cuidados de prevenção necessários, tanto nas escolas como na comunidade. “É um trabalho de conscientização. Através de informativos, espalharemos informações sobre como se cuidar. Se pudéssemos mostrar para os alunos a parte prática, de como o mosquito se reproduz, dentro de um laboratório, acredito que a conscientização seria maior”, comentou Cleber Soares.
No CEF 01 do Cruzeiro, a sexta-feira será dedicada ao combate do mosquito. “Nós estamos recebendo material e nos preparando para várias dinâmicas. Queremos alertar os alunos”, explicou Mônica Neves Pereira.