Alunos organizam ato favorável a professor que passou trabalho LGBT

Alunos solidários ao professor Deneir Meirelles, que se tornou alvo de uma notificação da distrital da bancada evangélica da Câmara Legislativa Sandra Faraj (SD), por aplicar um trabalho que debate formas de sexualidade com estudantes do ensino médio, farão uma manifestação em defesa do docente no próximo 20 de julho, após as aulas do período da manhã. O protesto é organizado por alunos e pela comunidade contrários à atitude da parlamentar.
A movimentação ocorreu para rebater o pedido de informações de Sandra, que afirma ter recebido uma denúncia contra o Centro de Ensino Educacional nº 6 de Ceilândia, na qual o professor estaria obrigando os alunos a fazer o trabalho e que, depois da notificação, a escola estaria perseguido o aluno responsável pela denúncia.
A acusação foi negada pelo professor Deneir, que afirma ter tido poucas aulas com os alunos desde segunda-feira (4/7), quando foi notificado. Os estudantes deverão entregar o trabalho nesta sexta-feira (8/7). “Posso garantir que não haverá perseguição a ninguém e eu coloquei isso em minhas páginas (na redes sociais). Desde a denúncia, mal tive contanto com os alunos. Não pretendo procurar a Justiça também, pois posso prejudicar o pai de um aluno”, defende-se o professor.
“Se continuarem as ofensas, com pessoas me chamando de pedófilos e outras coisas, tudo pode mudar de figura”, afirma o professor, que acredita que alcançou seu objetivo. “Não tenho a intenção de dar palanque para a deputada. Por onde eu tenho ido, desde que essa situação veio a público, bem ou mal, as pessoas têm discutido o assunto, o que sempre foi minha intenção.”
A manifestação dos alunos contará com a participação do presidente dos Direitos da Criança e do Adolescente do DF e militante de defesa dos direitos LGBTs Fábio Félix, que dará uma espécie de palestra do lado de fora da escola após o horário de aula.

Para o presidente do Conselho, que visitou a escola na última quarta-feira (6/7), a distrital usou de autoritarismo ao usar sua posição de parlamentar para requerer as informações. “Ela coagiu o professor e a direção da escola, por isso, a manifestação é uma resposta da comunidade, que conta ainda com a participação de alunos evangélicos que discordam dela”, detalha Fábio Félix.

Questionado sobre a atuação dos deputados na Câmara Legislativa, Félix critica a atitude de um grupo de distritais que tem tentado impedir o debate sobre questões LGBT. “Há um segmento de deputados que trabalha de forma conservadora e os atacam para se promover. Tudo isso faz parte de um projeto de poder para diminuir o debate sobre a vida real, que deve ser feito de forma aberta na instância que lhe cabe, a sala de aula”, diz Fábio Félix.
(do Metrópoles)