A escola sob o peso da violência

Em artigo publicado pelo Correio Braziliense deste 10 de outubro, Dia Nacional de Segurança e Saúde nas Escolas, a dirigente da CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação) Rosilene Corrêa debate o tema da violência nas escolas.

 

A escola sob o peso da violência

Por Rosilene Corrêa *

Inserida que é na sociedade e no seu contexto histórico, a escola é também vítima da violência. A agressividade que se observa hoje no interior de escolas da nossa rede pública – e também na rede privada – reflete uma realidade muito mais ampla.

Não faz muito tempo que o Brasil viu discursos violentos subirem o tom, promovendo o extermínio do diferente e o esmagamento dos mais vulneráveis. Discursos de ódio ganham eco desde a internet até as ruas, e muitos se orgulham da própria intolerância.

Nesse mesmo contexto, professores são colocados sob suspeição por setores que buscam criminalizar a ciência, o conhecimento e a atuação de educadores em sala de aula. São os mesmos setores que se apresentam contrários à regulamentação das redes sociais, que, notadamente, têm sido palcos e agentes ativos da propagação de discursos violentos.

Conflitos que acontecem dentro da escola são, muitas vezes, construídos em diversas camadas que estão fora dela. Desavenças, disputas, machismo, racismo, LGBTfobia e criminalidade encontram um cenário de incentivo à prática da violência.

A ausência de políticas públicas de âmbito distrital é notória. Na contramão da política nacional, o GDF não se empenha, por exemplo, na ampliação do ensino de tempo integral, especialmente no Ensino Médio. Abandonou a política dos batalhões escolares, enquanto a resposta da militarização já se mostrou ineficiente e inadequada.

Mas a escola é justamente o espaço privilegiado de se questionar a violência, de repensar a forma de cada ser humano se inserir no mundo e de se ensinar o respeito, a tolerância e a empatia. Para que ela cumpra sua vocação transformadora, precisa exatamente do que o GDF não lhe tem dado: valorização.

 

* Rosilene Corrêa é professora aposentada da SEE-DF e dirigente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação.