A EC 01 do Itapoã é exemplo por manter parcerias com a comunidade local

Professores da EC 1 em dia de reunião de pais (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

As paredes bem pintadas, as 16 salas de aula bonitas e equipadas com televisão e aparelho de DVD, a quadra de esportes, o parquinho, a sala de jogos e a de informática, a horta escolar, o espaço de leitura e a estrutura bem conservada do colégio, localizado na Quadra 61, são fruto do zelo da comunidade escolar. A Escola Classe 1 conta com doações de moradores e comerciantes. Quando falta algo na merenda, verdurões e mercados estão dispostos a ajudar. As parcerias procuradas rendem até atividades extraclasse aos 1,1 mil estudantes do local. “A quadra de esportes, por exemplo, foi doação de uma construtora. Vamos atrás de patrocinadores sempre, do pequeno ao grande comerciante. A gente só não pede caixão”, diz a diretora Sihami Mudarra, 42 anos.
O Projeto Golfinho, uma parceria com a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb), oferece aulas de natação e de reforço para alunos do colégio. Não há vagas para todos, mas os pais se inscrevem numa lista de espera. Uma parceria com o Clube do Rocha, que oferece esporte no Clube do Exército, também oferece atividades esportivas, reforço e almoço. Desde 2007, quando a escola foi fundada, a direção constrói uma relação de proximidade com os moradores do local. Mesmo aos fins de semana, o colégio não fica vazio e abre as portas para rodas de capoeira, eventos religiosos e outras atividades.
À frente da relação com a comunidade estão os 32 professores de ensino fundamental, os 12 de Educação de Jovens e adultos, o vice-diretor Hiram Ferreira, 38 anos, e a diretora Sihami Mudarra, pedagoga da Secretaria de Educação há 22 anos. Tudo o que é feito na instituição de ensino, porém, depende do envolvimento de outras pessoas. “No conselho escolar, temos reuniões com pais, professores, funcionários administrativos e terceirizados para discutir os rumos da escola. Assim decidimos, junto com a comunidade, os rumos do colégio. Todos se sentem responsáveis. Trabalhamos com amor para oferecer o melhor aos alunos”, garante Sihami.
Muita coisa mudou desde 2007, quando a escola foi fundada: “Começamos ali sem telefone, sem muro, sem merendeiro, sem esgoto, sem asfalto. Na seca, sofríamos com a poeira. Na época da chuva, com a lama. Era um caos. Com esforço e professores comprometidos, os problemas foram controlados. A estrutura que temos hoje, comparada ao início da escola, é um paraíso”, diz a diretora. O fato de o corpo docente e de a direção viveram no Itapoã torna os relacionamentos ainda melhores. “Faz muita diferença morar no local em que você trabalha, porque os alunos se sentem de igual para igual, há um grau maior de confiança e liberdade. Cria-se um ambiente familiar e de amizade, com muito respeito envolvido. Talvez por isso haja tanto carinho na escola”.
Entre as atividades do local está a Copa da Escola Classe 1. As 32 turmas (16 do turno matutino e 16 do vespertino) representam as 32 Seleções. Já há uma tabela de jogos e a partida final está prevista para ocorrer na primeira semana de maio, com entrega de troféus e medalhas. Não é a toa que alunos como Maria Giovanna Rodrigues, 10 anos, do 5º do ensino fundamental gostem tanto de estudar ali. “Gosto de ler e de estudar, faço dever de casa e tiro só notas boas”, diz.

Diretora Sihami Mudarra junto à horta escolar (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
Diretora Sihami Mudarra junto à horta escolar

Cuidado constante
A proximidade dos moradores pode ser uma dos motivos de o estado de conservação da escola ser tão bom, já que nunca foi pichada, invadida ou depredada. Anualmente, moradores e pais de alunos fazem um mutirão para pintar a escola. “Em muitas escolas, os alunos ou a comunidade invadem e quebram as coisas. Nunca tivemos esse problema, mesmo tendo funcionado um bom tempo sem vigia noturno. A vizinhança sempre foi nosso melhor guardião. A comunidade do Itapoã tem um grande respeito pela escola, porque sabe que os maiores beneficiários do colégio moram ali”, conta a diretora Sihami.
Outro motivo é o cuidado constante dos funcionários. “Vejo a escola como uma casa. Se uma torneira quebra, não esperamos as outras estragaram para arrumar todas. A manutenção é diária para não deixar chegar num nível em que não dê mais para resolver o problema. É por isso que o colégio está sempre novinho”, comemora.
(Do Correio Braziliense)