Diante de injustiça patronal, rodoviários continuam na luta em defesa da categoria

Além do constante descaso dos patrões que não cumprem acordos, os rodoviários do DF agora vivenciam mais um desrespeito: a injustiça. Na última terça-feira (31), uma onda de pancadaria e brutalidade gratuita foi disparada contra rodoviários dentro de um micro-ônibus da empresa Cootarde.
Em um vídeo gravado por passageiros e divulgado na internet, um motorista freelancer que presta serviços a empresa, identificado como José Ricardo Ferreira, tenta agredir o diretor do Sindicado dos Rodoviários (Sittrater) e dirigente CUTista, Marcos Junio Duarte, com uma barra de ferro. A imagem mostra claramente quatro rodoviários defendendo o sindicalista do agressor.
Após o polêmico episódio, os quatro trabalhadores foram os únicos detidos e, injustamente, responderão por dano, lesão corporal e atentado contra a segurança do transporte.
A assessora Jurídica do Sittrater, Marília Fontele, informou que o sindicato não está medindo esforços no sentido de garantir que a justiça seja feita. “Tivemos uma audiência nesta quinta (2), na qual foi decretada a prisão preventiva dos rodoviários que agiram na defesa do companheiro. Estamos garantindo os elementos necessários para reverter essa sentença que, no nosso entendimento, é injusta e não condiz com a realidade”, explica.
A categoria está há 16 dias em greve devido ao calote nos salários e benefícios. Eles reivindicam os pagamentos atrasados, tíquete alimentação, 13º salário, férias vencidas e cestas básicas dos mecânicos e despachantes.
Para o secretário geral do Sindicato dos Rodoviários do DF, Diógenes Nery, isto é reflexo do descaso dos patrões com os trabalhadores. “Os rodoviários já sofrem com constantes atrasos de salários e más condições de trabalho e agora a empresa tenta intimidar, ainda mais, os empregados colocando uns contra os outros. Sem dúvida, esta foi uma forma encontrada pela Cootarde de reprimir nosso movimento que é legal e é um direito nosso”, lamenta o dirigente ao ressaltar que os rodoviários detidos possuem um histórico exemplar. “A determinação da Justiça foi um nocaute para nós, porém, continuaremos mobilizados em prol desses companheiros que agiram em legítima defesa. Queremos pedir à categoria que se mantenha unida e, principalmente, não se deixe iludir pela mídia golpista que tem divulgado boatos e falácias”, completa.
Para o presidente da CUT Brasília, Rodrigo Britto, nesse momento é fundamental manter a unidade de classe. “Estão usurpando direitos e prejudicando os trabalhadores. Não podemos admitir a retirada de conquistas e nem que os rodoviários sejam intimidados e reprimidos”, declara.
O dirigente CUTista lembra que o GDF, por ser a contratante, possui responsabilidade solidária com estes trabalhadores terceirizados e cabe ao governador Rollemberg exigir a imediata quitação das dívidas trabalhistas, resolver definitivamente o problema dos prestadores de serviços do Distrito Federal e impedir burlas por parte dos patrões.