Frente Brasil Popular organiza combate ao retrocesso em Brasília

Com o objetivo de dialogar e unificar as lutas dos movimentos sociais, estudantis, sindicais e culturais de Brasília, a Frente Brasil Popular-FBP realizou plenária de análise de conjuntura na tarde do último sábado (27). Na ocasião, foi aprovada a Carta do movimento no Distrito Federal, documento que sintetiza e repudia os ataques aos direitos dos trabalhadores no primeiro ano do novo governo distrital e federal, além de deixar claro que a FBP tem o objetivo de enraizar-se nas lutas locais em defesa das cidades, mantendo sempre a pauta central do movimento, que é a defesa intransigente da democracia.

As mais de 15 entidades e partidos políticos que compõem a Frente, incluindo a CUT, lotaram o auditório do Sindicato dos Urbanitários-Stiu, localizado no Setor Comercial Sul. “Acredito que a criação da Frente ocorreu em um momento estratégico para a história de nosso país, uma vez que assistimos aos avanços da direita em todas as esferas de poder. Na nossa Câmara Legislativa, infelizmente não há diferença. Composta em sua maioria por empresários e religiosos que não separam seus interesses pessoais na ações políticas, a Câmara está propícia a aprovar os retrocessos propostos pelo governo Rollemberg, cuja candidatura, contraditoriamente, foi apoiada por parte dos movimentos sociais”, analisa a ex-deputada distrital, Arlete Sampaio (PT-DF).

“Rollemberg desconhece os acordos feitos com a classe trabalhadora e age de forma truculenta e ilegal pelo simples desejo de se contrapor ao governo anterior”, critica Arlete. A ex-deputada distrital integrou a mesa da plenária, que foi paritariamente composta representando as forças políticas presentes.

Aj85eC5G8F4r6S3CKQqVojw5bRAJRRt0v3Cq_0ctEwfM (1)Para inteirar os participantes sobre a atual situação dos servidores públicos da capital federal, a dirigente CUTista e do Sinpro-DF, Rosilene Corrêa, relembrou todas as perdas de direitos e ataques que as categorias do funcionalismo sofrem desde a posse de Rodrigo Rollemberg. “Os absurdos realizados pelo  novo governo conseguiram unificar todas as categorias de servidores do Distrito Federal em uma luta por respeito e cumprimento de acordos e da lei. Nós não conseguímos reverter a situação de calote aos reajustes devidos, mas entendemos que houve uma grande demonstração de força dos servidores da capital. Agora o governo sabe que nessa cidade tem trabalhador que vai pra rua lutar pelos seus direitos”, afirma a sindicalista, que participou ativamente das reuniões com o GDF e das lutas dos professores e servidores no último período.

A luta pela reforma agrária também foi tema da reunião, abordada pelo dirigente do Movimento Sem Terra-MST, Marcos Antônio Barata. Para o militante agrário, é necessário que seja realizado um diálogo denso e profundo com vários setores da sociedade brasiliense, uma vez que existem diversas demandas locais que dialogam com as demandas nacionais do movimento. “É o conjunto da classe trabalhadora que vai ter condições de promover o enfrentamento e barrar os retrocessos no Brasil e no Distrito Federal. O MST entrará em jornada de lutas e já tem uma série de atividades programadas para conscientizar a população do DF, uma vez que estamos também passando por um momento onde a luta dos trabalhadores do campo é criminalizada na cidade. Acreditamos na conscientização de classe e na formação política como as nossas principais armas para impedir os retrocessos e avançar nas conquistas. Afinal, a burguesia morre de medo quando a classe trabalhadora luta com consciência”, discursou Barata.

Medidas anti-populares
“Todos os setores da sociedade brasiliense estão sendo prejudicados com as medidas do governo Rollemberg. É impressionante como por decisão política, o novo governador joga a dita crise nas costas dos trabalhadores e trava a economia da cidade. Medidas como o aumento nas tarifas dos ônibus e a lei do silêncio restringem o direito à cidade e desfavorecem todo o comércio da cidade”, reflete o dirigente da União dos Estudantes Secundaristas no DF- UES, Leonardo Matheus.

“Existe um sucateamento dos serviços públicos e dos privados por consequência, além da criminalização dos movimentos sociais e da repressão absurda contida em projetos como a lei da mordaça (censura aos professores em sala de aula). Nós dos movimentos da juventude não concordamos com nenhuma dessas medidas e lutaremos ao lado dos nossos professores e de toda a classe trabalhadora contra todas essas pautas, pois entendemos que também é nossa responsabilidade construir um futuro mais justo e igualitário para todos nós”, discursou o militante.

A truculência contra os professores, que sofreram intensas agressões policiais enquanto revindicavam pelos direitos da categoria em outubro de 2015, também foi lembrada na plenária pelo movimento estudantil. Vários militantes da UNE e da UES citaram a violência da PM do DF durante suas falas e se referiram àquele ataque à greve dos professores como um exemplo da ação policial na cidade. “Cerca de 1.700 policiais foram contratados desde o início do mandato de Rollemberg, embora o governador afirme que não tenha dinheiro pra pagar salário de servidor”, critica Leonardo Matheus.

“Temos em Brasília uma repressão brutal aos movimentos sociais e culturais, estudantis e trabalhistas. Essa plenária foi extremamente importante para aprovar a Carta da FBP no Distrito Federal, que será um dos nossos instrumentos de luta. Vamos promover oposição clara e dura ao GDF, aos retrocessos e às repressões que esse governo trouxe para a nossa cidade”, afirma o secretário de Políticas Sociais da CUT Brasília, Yuri Soares.

Veja a Carta da Frente Brasil Popular no Distrito Federal na íntegra:
CARTA DA Frente Brasil Popular (1)