Em greve, servidores públicos de Formosa ocupam Prefeitura

“Itamar, cadê você, eu vim aqui pra receber!”, este foi o grito que ecoou por toda a Prefeitura Municipal de Formosa-GO. O clamor partiu de dezenas de professores, servidores administrativos e funcionários do Asha na tarde desta quarta-feira (20), quando ocuparam as instalações da Prefeitura para reivindicar o pagamento dos reajustes salariais devidos e o estabelecimento de negociações.

DSC_5019DSC_5033DSC_5045DSC_5065Os funcionários estão em greve desde segunda-feira (19) e decidiram ir, em grupo, ao gabinete do prefeito Itamar Barreto (PSD) porque o governante tem se recusado a atender pedidos de audiência de negociação com as lideranças dos servidores.

Segundo Alex Nunes de Oliveira, dirigente do SinpreFor, sindicato que representa a categoria, os trabalhadores reivindicam o reajuste retroativo a todo ano de 2015, a negociação de pisos salariais e da pauta de reivindicações relativa à data-base/2016.

Para o dirigente do SinpreFor, a greve tem surtido efeito, com grande adesão das várias categorias dos servidores. “Os funcionários entendem a importância da greve e estamos juntando forças para que mais trabalhadores apoiem esta causa. Não estamos pedindo nada que não seja um direito nosso”, afirmou o sindicalista.

De acordo com os professores municipais, por exemplo, desde 2014 não há reajuste do piso salarial estabelecido em lei federal. O reajuste do ano de 2015 deveria ser de 8,32 % e o previsto para 2016 é de 11,36%. Um reajuste que faria uma grande diferença na renda dos docentes.

Segundo os dirigentes do SinpreFor, o sindicato esteve sempre aberto ao diálogo, porém, o governo tem recuado no cumprimento de suas próprias propostas.

Somente diante da ocupação, as lideranças dos servidores foram recebidas pelo Secretário de Administração de Formosa, Marcelo Ribeiro. A manifestação terminou com a promessa de resolução do problema o mais rápido possível.

Na próxima segunda-feira (24), está marcada reunião às 9h, quando os secretários de Administração e de Finanças da Prefeitura deverão  uma proposta aos representantes da categoria. Em seguida, uma nova assembleia avaliará a proposta. De acordo com Marcelo Ribeiro, será feito um balanço financeiro até lá. “Faremos o possível para resolver esse impasse.” afirmou.

Solidariedade de classe 

A assembleia de quarta e a ocupação foram acompanhadas por diversos dirigentes da CUT Brasília, inclusive pelo presidente Rodrigo Britto, e de outros sindicatos em apoio aos servidores públicos de Formosa.

Nilza Cristina, Secretária de Formação da CUT Brasília e dirigente do Sinpro-DF, participou da reunião com representantes da Prefeitura cobrando soluções do governo local. “Esta situação é um desrespeito com a categoria. Não podemos aceitar.”

Olizia Alves, do Conselho Fiscal da CUT Brasília e do Sindsepem-Val, também apoiou o SinpreFor. “O problema é geral; não podemos nos afastar da luta, somente juntos poderemos avançar”, afirmou a dirigente em defesa dos trabalhadores.

A realidade dos servidores

O clima durante a ocupação era de revolta. Com os baixos salários, muitos funcionários chegam a realizar uma dupla jornada para conseguir complementar a renda. Como é o caso da servidora Célia Regina, que trabalha na limpeza do colégio Walda Miranda de Paiva em Formosa: “ Tenho que me virar. Faço faxina, lavo roupa, de tudo um pouco. O salário que recebo mal dá para sobreviver. Estamos dispostos a continuar com a greve enquanto não houver uma solução”.
Nessa sexta-feira (22), haverá um novo encontro dos dos servidores pela manhã em frente à sede da Prefeitura. A atividade servirá para alertar a população sobre o objetivo do movimento dos servidores, além de possibilitar também o esclarecimento de dúvidas dos próprios trabalhadores.