Faltam monitores (as) para alunos (as) com necessidades especiais no Distrito Federal
Nesta quarta-feira (6), o Jornal de Brasília publicou uma matéria sobre a falta de monitores para os alunos com necessidades especiais no Distrito Federal. Em uma das últimas reuniões com a Comissão de Negociação do Sinpro, a Secretaria de Educação informou que embora nos últimos anos ter convocado cerca de 1800 monitores para assistência à educação, atualmente trabalham na rede 523, sendo que este cargo é um dos quais os (as) trabalhadores (as) mais pedem exoneração.
Este cargo foi criado em 2008 a partir de uma discussão com o próprio sindicato. O trabalho de monitor necessita de um suporte que extrapola as funções docentes, pois o professor não pode exceder os limites previstos na ficha profissiográfica.
Porém, o número de monitores (as) nunca foi o suficiente e este déficit para os cerca de 6,6 mil alunos é nítido. A Secretaria de Educação precisa lançar um novo edital para a contratação de novos profissionais.
Abaixo, na íntegra, a matéria do Jornal de Brasília:
Rede pública: sem acesso à educação
Aluno de sete anos não consegue vaga em escola perto de casa devido à falta de monitores
A rede pública de ensino do Distrito Federal está com déficit de pelo menos 500 monitores para alunos com necessidades especiais. Hoje, 523 profissionais atendem 6,6 mil estudantes com deficiência, distribuídos nas 654 escolas da região. A denúncia foi feita por pais que não conseguem matricular os filhos por conta da ausência de profissionais. Este é o caso de Júlio César Santos Costa, 37 anos, morador de Sobradinho II. Seu filho, de sete anos, teve o desenvolvimento cognitivo afetado após um afogamento e, agora, está em casa, sem poder estudar, por causa da falta de monitores na escola mais próxima de sua residência.
Desesperado, Júlio buscou a ajuda da Regional de Ensino e da Secretaria de Educação. Segundo ele, nenhuma das instituições teria encontrado uma solução para o problema. “A resposta deles é nula. O absurdo chegou ao ponto da Secretaria de Educação me dizer que eles não podem fazer nada. Como não? Se eles não podem, quem pode? Meu filho precisa estudar. É um direito dele, um direito de cidadão. Ele tem que ir para a escola e eu não consigo matriculá-lo”, desabafa o pai.
O Sindicato dos Professores confirma a baixa quantidade de monitores. “O número de monitores é insuficiente e isso prejudica a aprendizagem dos alunos”, afirmou um dos representantes da entidade, Samuel Fernandes.
“A Secretaria de Educação precisa lançar um novo edital para contratação desses profissionais. Tem muitas escolas que estão sem. Só o professor não consegue dar conta dessa demanda”, diz.
Legislação
O Ministério da Educação determina que todas as escolas inclusivas tenham monitores. No DF, segundo a Secretaria de Educação, as 654 unidades de ensino espalhadas na região atendem alunos com necessidades especiais. De acordo com a pasta, “o órgão atende 100% da demanda da Educação Básica, incluindo a modalidade Educação Especial, no processo de Telematrícula. Caso alguma família perca o prazo, ela deve se dirigir à Coordenação Regional de Ensino da região desejada para verificar a disponibilidade por vaga”.
Segundo a determinação vigente, os monitores devem acompanhar as crianças deficientes em sala de aula, auxiliá-las durante a refeição, levá-las ao banheiro e cuidar da higiene desses alunos. A lei, porém, não determina o número de profissionais por aluno. Os monitores precisam ser aprovados em concurso público, como já aconteceu no DF, com aprovação de mais 1 mil pessoas.