Marcha das Mulheres Negras colore Brasília em ato histórico
A Esplanada dos Ministérios raras vezes esteve tão colorida – mesmo tendo o céu nublado. Com bandeiras, cartazes, faixas, turbantes, instrumentos musicais, a Marcha das Mulheres Negras tomou a capital federal na manhã desta terça-feira, 25.
Dez anos depois da primeira edição, milhares de mulheres negras de todo o país levaram suas reivindicações ao centro do poder político nacional. Com o mote “Por Reparação e Bem Viver”, elas defendiam suas pautas, que iam desde mais bibliotecas nas comunidades até mais políticas públicas de saúde para mulheres negras e representatividade nos espaços de poder.
A diversidade pulsou em mulheres de todas as idades, trabalhadoras urbanas e rurais de diferentes categorias profissionais. Mulheres negras transexuais, lésbicas, com deficiência, feministas, sindicalistas, artistas, artesãs mostraram a força, a ousadia e a representatividade do movimento.
Já na concentração, no Museu da República, as mulheres dançavam alegres e orgulhosas ao som de músicas que destacam a riqueza da cultura afro-brasileira. Ao microfone, a mestre de cerimônia anunciava as tantas cidades e entidades presentes à mobilização.

A coordenadora da Secretaria de Mulheres do Sinpro, Berenice Darc, ressaltou que a marcha vem sendo cuidadosamente preparada desde que se encerrou a última, em 2015. “Brasília está muito feliz por receber hoje mulheres de todo o Brasil e da América Latina, que estão marchando pelo fim do genocídio da juventude negra, contra o racismo, o machismo, o fascismo”, disse ela. “Esta marcha é mais uma grande realização das mulheres negras do Brasil e de todo o mundo”, completou Berenice.
Regina Célia, também da Secretaria de Mulheres do Sinpro, afirmou que, quando as mulheres negras se movimentam, transformam o mundo. “Queremos incidir sobre a política, a economia, a ciência. Isso muda o mundo para todos, faz dele mais justo e inclusivo e amplia a noção de cidadania”, lembrou ela. “Somos a maioria da sociedade, e queremos expressar esse número também nas esferas de poder para defender essa concepção”, concluiu.
A Marcha das Mulheres Negras saiu em passeata pela Esplanada dos Ministérios até a Praça dos Três Poderes, onde parlamentares e representantes de entidades e movimentos fizeram suas falas sobre o conteúdo político da ação. Em meio ao som da percussão, a marcha contagiou Brasília com sua alegria e potência.
“Milhares de mulheres negras de todo o país estão hoje no centro do Brasil para dar visibilidade às nossas lutas por reparação e bem viver”, comemorou Márcia Gilda, diretora do Sinpro. “Estamos aqui porque queremos estar nos espaços de poder e de decisão para construir uma sociedade igualitária. Com melhores salários, melhor inserção no mercado de trabalho, políticas públicas, segurança, oportunidades”, finalizou Márcia.
A partir das 15h, no Museu Nacional da República, serão realizados shows com as artistas Célia Sampaio e Núbia, Ebony, Larissa Luz, Luana Hansen e Prethais. A entrada é gratuita.
