Andressa Marques funde cidade, identidade, passado e presente no livro A Construção
Iran, um candango negro, morre no canteiro de obras durante a construção de Brasília. Sua mulher, com filhos pequenos, volta para o sertão da Paraíba, perdendo o contato com a família do marido. Cinco décadas depois, a neta de Iran, caloura cotista na UnB, busca suas origens. Nesse processo, reencontra a bisavó paterna, ainda viva, que veio morar em Brasília depois que o filho morreu e se instalou em Ceilândia, onde foi uma ialorixá.
A história acima, meio verdade, meio ficção, é o enredo de A Construção, que já ganhou o concurso Toca Literária. Trata-se do primeiro livro da jovem professora da rede Andressa Marques, atualmente designada para o ministério da Cultura.
O título do livro convida o leitor a pensar nas várias construções que lhe são apresentadas ao longo de diversas histórias que se entrelaçam e se interligam. Como conta o diretor do Sinpro Robson Câmara, da secretaria de raça e sexualidade, “o romance ‘A Construção’, com sua pegada polissêmica, nos leva a muitos lugares e reflexões. O cenário nos remete à superação das desvantagens sociais e dos infortúnios de drama familiar.”
Andressa – na vida real, a neta do candango negro – nos conduz por uma escrita que transita entre vozes ancestrais e vivências presentes. Uma narrativa que costura delicadeza e intensidade, revelando o poder do não dito, das pausas e dos silêncios.
“O que eu quero é contar a história da ausência, do silêncio. Comecei a refletir também sobre a presença da descontinuidade de uma herança cultural entre as famílias negras. Você olha pra trás e não conhece nem a sua geração anterior”, explica a autora.
O Livro está disponível na Amazon, na livraria Circulares ou no site da editora Nós:
