Coletivos da CNTE se unem para fortalecer a Marcha das Mulheres Negras

A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação realizou ontem (10) uma reunião conjunta entre o Coletivo de Mulheres e o Coletivo de Combate ao Racismo da CNTE, com o objetivo de articular ações para o fortalecimento da Marcha das Mulheres Negras, marcada para o dia 25 de novembro, na capital federal.
A marcha é uma iniciativa da Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras (AMNB), da Rede de Mulheres Negras do Nordeste e da Rede Fulanas – Negras da Amazônia Brasileira, e conta com o apoio da CNTE e dos demais sindicatos.
O encontro contou com a presença de representantes de sindicatos de diversos estados e foi marcado por trocas de experiências, relatos de resistência e a definição de encaminhamentos para ampliar a participação da educação na mobilização.
De acordo com a secretária de Relações de Gênero da CNTE, Berenice D’Arc, a iniciativa de reunir os dois coletivos nasce da compreensão de que as lutas por igualdade racial e de gênero caminham juntas. “A ideia de nos reunirmos é que fortaleçamos ao máximo a marcha. É uma marcha das mulheres negras, mas a nossa proposta é que todos possam marchar, para dar ainda mais visibilidade e voz às mulheres negras. Por isso é importante o conjunto desses dois coletivos e o fortalecimento de todos os sindicatos”, afirmou Berenice.
Na reunião, os participantes pontuaram que a educação deve ser a bandeira central da Marcha, ressaltando o papel estratégico das escolas e dos profissionais da área na construção de uma sociedade mais justa, democrática e livre do racismo. “A gente também tem como prioridade a luta pela educação na marcha, trazer nossas pautas, nossa organização e nossas bandeiras de luta, mas, sobretudo, nossa perspectiva do combate ao racismo, ao machismo, à lesbofobia, à transfobia e a todos os tipos de opressões”, destacou Berenice.
A dirigente também ressaltou que a Marcha tem como mote a reparação histórica, cultural e social da população negra, especialmente das mulheres, que ainda enfrentam as maiores desigualdades no país. “Vivemos em um país que, infelizmente, ainda tem um racismo muito forte. Quando temos qualquer movimento de conservadorismo, quem mais sofre são as mulheres. Se temos desemprego, o recorte é o mesmo. Por isso, queremos colocar a educação no centro dessa discussão, na perspectiva da reparação”, completou.
Entre os encaminhamentos do encontro, ficou definido o empenho dos sindicatos em mobilizar delegações estaduais, ampliando a presença de mulheres negras e de representantes dos movimentos sociais. Também foi destacada a importância de criar comitês estaduais para facilitar a organização local e garantir que a voz da educação esteja presente na Marcha.
O secretário de Combate ao Racismo da CNTE, Carlos de Lima Furtado, destacou o caráter de resistência da mobilização. “A gente busca fortalecer a nós, trabalhadores e trabalhadoras da educação, negros e negras. Eu vejo a Marcha como um ato de resistência, porque quando nós lutamos pelos/as trabalhadores/as, negros e negras, isso demonstra ainda mais força. Para as mulheres negras é ainda mais difícil, porque há uma tentativa constante de silenciar os preconceitos que elas enfrentam. Então, a Marcha deve ser um momento de muita resistência, de reorganizar a nossa luta”, afirmou.
Com o lema do “bem viver” e a energia que caracteriza a luta das mulheres negras, a expectativa da CNTE é que o ato de 25 de novembro seja o maior já realizado desde a primeira Marcha, há dez anos. “Depois de uma década, voltamos com todas as dificuldades, mas também com a leveza, a alegria e a disposição de luta das mulheres negras, com toda a cor, a energia e a pujança que nos movem”, concluiu Berenice D’Arc.
Fonte: CNTE
