O futuro da educação é debatido em Encontro Regional em Brasília

Brasília recebe nesta quarta-feira, 17 de setembro, o III Encontro Regional pela Educação Pública. O evento visa fomentar o debate sobre os rumos da educação no Brasil e no cenário global, reunindo especialistas, gestores públicos e representantes da sociedade civil em busca de soluções para os desafios do setor.
Na abertura da mesa, o presidente da CNTE, Heleno Araújo, explicou a importância do seminário. “A CNTE realiza o Congresso Nacional da Confederação a cada quatro anos e debatemos a conjuntura internacional, como isso reflete na nossa atuação, como estamos em nosso país. O Seminário tem o objetivo de avaliar esses últimos quatro anos, as nossas ações e nos prepararmos para os anos que virão”, afirma Heleno.
Ainda na fala de abertura, Heleno Araújo disse ser fundamental o trabalho conjunto dos docentes, sindicatos e instituições. “Precisamos pensar coletivamente, fazer um estreitamento das ações. A Inteligência Artificial, a escassez de professores, as guerras, tudo isso tem afetado muito a educação e é preciso levantar caminhos e ações, de forma conjunta”, explicou o presidente da CNTE.
Falta de professores
O diretor de Projetos da Internacional da Educação (IE), Angelo Gavrielatos, também citou a escassez de profissionais de educação no mundo. “Temos uma crise mundial de falta de professores. No mundo, faltam 44 milhões de docentes, só na África precisamos de 15 milhões de profissionais e na América Latina e Caribe são 3.2 milhões de docentes a menos. Essa crise não surgiu de repente, ela foi desenhada a mão por vários governos que não investiram em educação”, afirmou Gavrielatos.
A fala do presidente da CNTE foi ratificada pelo diretor da IE. “Temos que fortalecer os movimentos dos sindicatos, dos professores, porque somente assim nós poderemos ter direito à educação pública e conseguiremos fortalecer a democracia nos países”, concluiu Angelo.
IBGE
Durante a manhã, no painel Cenários, Desafios e Ações para o Brasil no Mundo, o presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Marcio Pochmann, trouxe dados sobre o Censo 2022 e também fez questionamentos sobre o futuro da educação.
“Em 2050 o Brasil será um outro país. A classe trabalhadora de amanhã já nasceu, em famílias miseráveis. Sem o Estado, sem educação, a situação será ainda pior. O que vai ser desse país em 25 anos, quando estamos vivendo uma inflexão demográfica? A sociedade mudou, então, nós precisamos pensar nas formas de organização para o futuro”, afirma o presidente do IBGE.
Ele alertou: “O Brasil se transformou no país que mais fecha escolas no mundo”, disse.
Por mais recursos para a educação pública
O secretário de Relações Internacionais da CNTE e vice-presidente da IE para a América Latina, Roberto Franklin de Leão, falou sobre o motivo da realização do Seminário. “Em todo o mundo a educação está sendo debatida porque há uma crise mundial muito grande. Nós temos uma luta de valorização dos trabalhadores, por mais financiamentos à altura das necessidades da educação”, explicou.
Ele ainda falou do esforço conjunto das instituições e trabalhadores. “Nós, professores, fazemos parte desse cenário mundial. Então, nós precisamos construir projetos, elaborar propostas, para enfrentarmos esse cenário e fazermos valer os interesses da educação. Nós queremos uma educação que liberte, e não que adestre. Uma educação que possibilite o nascimento de uma pessoa para o mundo a partir de uma escola, da educação que ela recebe”, acrescentou Leão.
Na parte da tarde, o Seminário continuará com o painel “Frente Nacional e Internacional de Lutas” com a participação de representantes de diversas entidades, incluindo CNTE e IE.
O encerramento contará com uma atividade cultural de integração.
Fonte: CNTE