Dois corações no mesmo tatame: a emocionante jornada de mãe e filha no karatê

Katlen Lopes, professora de geografia de contrato temporário da rede pública de ensino do DF.
Foto: Divulgação/Arquivo pessoal

 

Em um ginásio tomado por gritos, vibrações e quimonos brancos, dois nomes ecoaram no pódio da Copa do Brasil de Karatê, realizada entre os dias 4 e 6 de julho, em Balneário Camboriú (SC): Katlen Lopes, 38 anos, e sua filha Sophia, de apenas 11. Mãe e filha, professora e estudante, atletas e guerreiras, conquistaram o primeiro lugar no Comitê Individual e, ambas, garantiram, cada uma, uma vaga no Mundial de Karatê de 2026, a ser disputado na Ilha de Malta.

O caminho da vitória foi forjado com suor, afeto e uma enorme dose de superação. Tudo começou há 6 anos, na pandemia da covid-19, quando Sophia, ainda com 5 anos, iniciou no karatê para não cair no sedentarismo. A mãe, sempre presente nos treinos, decidiu acompanhar a filha mais de perto — e, 3 anos atrás, ela também vestiu o quimono pela primeira vez. Desde então, não saiu mais do tatame.

“Queria qualidade de vida. Mas o karatê se tornou um divisor de águas na minha vida”, conta Katlen, que é professora de geografia de contrato temporário no Centro de Ensino Fundamental Maria do Rosário de Ceilândia (CEF Maria do Rosário, Ceilândia), e hoje acumula cerca de 50 medalhas e oito troféus em competições nacionais e internacionais. Entre suas conquistas estão o 3º lugar no Mundial (2024); 3º lugar no Campeonato Brasileiro (2024) e agora, enfim, o topo do pódio na Copa do Brasil.

Sophia, por sua vez, é um prodígio. Com uma coleção de quase 100 medalhas e mais de 10 troféus, a jovem atleta estuda no Colégio Vencer e já é campeã mundial na sua categoria (10-11 anos, Faixas Verde a Preta), título conquistado no início de 2024. Faixa marrom, ela compete desde os cinco anos, levando consigo a energia incansável de quem ainda carrega o brilho da infância — mas luta com a técnica de gente grande.

Mas foi em 2023 que tudo mudou. Mãe e filha classificaram-se, juntas, para o Mundial. “Ali, entendi que o karatê era mais do que um esporte: era nossa filosofia de vida”, diz Katlen, emocionada. “E quando a Sophia venceu o mundial, percebi que eu estava no lugar certo, com a melhor parceira do mundo”.

O ápice da emoção veio na chegada à Copa do Brasil deste ano. “Nossa foto estava estampada num outdoor do evento. Representando todas as mães e filhas que dividem o tatame. Foi como ver nossa história valorizada, reconhecida”, relata. “A Sophia é minha maior inspiração. Eu sigo por ela”.

Agora, o próximo desafio será o Campeonato Brasileiro de Karatê, marcado para novembro de 2025, em Fortaleza, mais uma etapa até Malta, onde a dupla defenderá o Brasil no Mundial de 2026. Enquanto o mundo as aguarda, no DF, mãe e filha seguem treinando, estudando e ensinando que o esporte, quando praticado com amor, em família e em cooperação, é capaz de transformar rotinas e revelar campeãs.

Sophia Lopes, campeã mundial na categoria 10-11 anos, Faixas Verde a Preta. Foto: Divulgação/Arquivo pessoal