“Ferramenta do povo para fazer valer sua vontade”, diz CNTE sobre Plebiscito Popular

A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) marcou presença na mesa de abertura do ‘Curso Nacional de Multiplicadores do Plebiscito Popular’, que reuniu cerca de 150 militantes de todo o Brasil. O evento teve como objetivo preparar lideranças para dialogar com a população sobre temas centrais que impactam diretamente a classe trabalhadora.
Luiz Felipe Krehan, coordenador de Juventude da CNTE, destaca a importância da iniciativa em um momento em que as pautas populares encontram obstáculos no Congresso Nacional.
“O plebiscito é uma forma legítima de consultar a população sobre temas importantes que influenciam diretamente a vida dos trabalhadores e da população em geral”, disse.
Ele explica que o plebiscito vai apresentar três perguntas centrais à população: se é a favor da redução da jornada de trabalho; do fim da escala 6×1; e de uma reforma tributária justa e solidária, na qual “quem ganha menos de R$ 5 mil vai ficar isento e quem ganha mais de R$ 50 mil terá que contribuir com um pouco mais.”
Krehan reforça que o plebiscito é uma resposta à ausência de vontade política no Parlamento para atender os anseios populares.
“Ele é muito importante porque são pautas que acreditamos que sejam o desejo legítimo de quase todos os brasileiros. E como infelizmente o Congresso não encaminha esses desejos da população, o plebiscito se torna uma ferramenta da população para fazer valer sua vontade.”
CNTE: presença estratégica na mobilização
A participação da CNTE na construção do plebiscito tem um papel importante por conta de seu alcance nacional e sua forte base nos estados e municípios.
“É importantíssimo a CNTE estar nesse debate. A CNTE é uma das poucas entidades nacionais com base em todos os estados e enraizamento em municípios pequenos do interior desse país imenso. A CNTE pode levar esse plebiscito para lugares em que outros movimentos sociais não chegam”, afirmou.
Krehan aponta ainda que há impacto direto sobre os trabalhadores da educação.
“Devido ao achatamento da carreira em alguns estados e municípios, uma boa parte da nossa categoria de trabalhadores da educação ganha menos que R$ 7 mil e seria beneficiada pela isenção até R$ 5 mil e o desconto até R$ 7 mil. Para muitos educadores do Brasil, nós estamos falando de um 14º salário que eles vão ganhar ao se tornarem isentos ou terem descontos da cobrança do imposto de renda”, ressaltou.
Próximos passos: diálogo direto com a base
Para Krehan, a mobilização agora precisa tocar quem será diretamente beneficiado com a proposta da reforma tributária popular.
“Precisamos mostrar que essa luta não é só dos deputados que estão no Congresso. De acordo com os dados apresentados até o momento, 26 milhões de brasileiros vão se beneficiar dessa reforma tributária, muitos são professores e funcionários de escolas.”
E ele conclui com um chamado: “Nós precisamos chegar nessas pessoas com uma abordagem específica para eles. Não só informar, mas também motivá-los a participar do processo do plebiscito popular e da futura implantação dessas mudanças.”
Encerrado no domingo (1º), o curso formou ativistas para organizar o plebiscito em todo o país e ampliar o debate sobre temas centrais para a população.
Plebiscito
O Plebiscito Popular está sendo organizado pelas Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, que reúnem mais de 100 movimentos sociais. Também participam da construção do processo as centrais sindicais. A iniciativa se inspira na experiência de 2002, quando uma consulta popular sobre a ALCA mobilizou mais de 10 milhões de votos.
O plebiscito será realizado em três fases: a articulação nos territórios (bairros, escolas e locais de trabalho); a coleta dos votos da população; e, por fim, a entrega dos resultados em Brasília às lideranças dos Três Poderes.
Segundo os organizadores, o tema ganhou ainda mais relevância após indicações do relator do projeto da reforma do Imposto de Renda, deputado Arthur Lira, que poderá alterar o texto principalmente na forma que o presidente Lula afirmou, no dia do Trabalhador, a necessidade de aprofundar o debate sobre a jornada de seis dias de trabalho e um de descanso.
Com informações da Secretaria-Geral da Presidência