Professora da rede pública aplica método afetivo para alfabetizar crianças

O amor pela alfabetização de alunos com e sem deficiência ou transtorno motivou a professora Poliana Natal de Sousa a transformar o processo de aprendizagem em uma tarefa lúdica e, ao mesmo tempo, pedagógica.
Caracterizada com roupas coloridas, adereços e um largo sorriso no rosto, a alfabetizadora da Secretaria de Educação do DF (SEEDF) aplica em sala de aula o projeto Aulas Temáticas Afetivas, que tem como objetivo despertar o interesse dos(as) alunos(as) na educação por meio da curiosidade.
“Temos que desenvolver um tipo de trabalho diferenciado, que consiga prender a atenção dos estudantes. Foi por isso que passei a dar aulas temáticas, para que eles tivessem um contato mais direto comigo. As crianças se sentam perto, recebem comandos simples, diretos, e isso surte um efeito extraordinário no processo pedagógico deles”, ressalta professora Poliana.
A produção do material aplicado em sala de aula é feita de forma compartilhada. Professores(as) e alunos(as) confeccionam cartazes, adereços e o conteúdo didático, sempre com uma temática cultural. “Eu sempre trabalho com material concreto, aulas mais leves, lúdicas, e em tudo que posso, coloco os estudantes para participarem. Isso melhora a concentração deles e a inclusão de uma forma geral”, conta.

Na sala de aula da professora Poliana, toda sexta-feira é dia de aula prática. São trabalhadas datas comemorativas, como o Carnaval, o Dia de Conscientização da Síndrome de Down, Dia do Circo e várias outras. “No Dia da Síndrome de Down, confeccionamos o varal das meias coloridas e usamos as meias trocadas (respeito ao próximo). No dia do circo, nós nos vestimos com adereços coloridos, eu também me caracterizo e fazemos muitas brincadeiras e aprendizado”, exemplifica a professora.
Amor antigo
Professora Poliana, que também trabalhou na Escola Classe 12 com classe bilíngue mediada com intérprete de libras, conta que o interesse e o respeito pela inclusão vem desde os anos 1990, quando foi aluna no Centro de Ensino Fundamental 08, com classe inclusiva (surdos). “Percebi que o direito a um ensino de qualidade independe da condição de qualquer pessoa”, explica Poliana.
Em 2020, a docente ingressou na SEEDF como professora de Atividades e deu início ao projeto de alfabetização com alunos(as) com necessidades escolares especiais. Desde então, trabalhou com crianças com vários tipos de transtornos, como Transtorno do Espectro Autista (TEA), Transtorno Desafiador (Todd) e Transtorno do Processamento Auditivo Central (TPAC).
Com criatividade e dedicação, a professora Poliana prova que a ensino vai além das metodologias tradicionais — é um ato de amor e respeito às individualidades. Seu trabalho não só alfabetiza, mas transforma salas de aula em espaços de acolhimento, onde cada criança, independentemente de suas particularidades, encontra motivação para aprender e se desenvolver. Uma lição que ultrapassa os muros da escola e inspira a construção de um mundo mais acessível e humano.