7 de Setembro | Dia da Independência: uma reflexão crítica e a luta dos excluídos no Brasil

O Dia da Independência do Brasil, celebrado em 7 de setembro, marca a ruptura formal com a dominação portuguesa ocorrida em 1822. No entanto, a narrativa tradicional dessa data esconde as profundas contradições e desigualdades que ainda permeiam a sociedade brasileira. Em 2024, sob a gestão de um governo federal que valoriza a democracia, o 7 de setembro é celebrado com uma visão mais inclusiva e crítica, destacando as conquistas sociais e a importância da justiça social, temas que estão no centro do pensamento progressista e da esquerda, bem como dos movimentos sindical e popular.

Visão do Sinpro

A diretoria colegiada do Sinpro-DF enfatiza a independência não apenas como um evento histórico, mas como uma busca contínua por soberania popular e econômica. Nas comemorações do 7 de Setembro, o sindicato tem dado destaque à defesa incondicional de políticas de inclusão educacional, econômica, culturais e sociais, à defesa dos direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras, bem como à promoção de uma educação pública e emancipadora. Para a diretoria do sindicato, a data é uma oportunidade de refletir sobre a independência do Brasil em termos de soberania nacional e também de independência perante as desigualdades sociais que ainda persistem.

O Sinpro tem reiterado a importância de fortalecer o Estado democrático de direito, voltado para a promoção do bem-estar social e a redução dessas desigualdades. As políticas sociais implantadas pelos governos democráticos, notadamente entre os anos 2003 e 2015 e nos dois últimos anos, como os programas de inclusão educacional, econômica e social Bolsa Família e Pé-de-Meia, são instrumentos de fortalecimento da sociedade brasileira, que precisa adquirir qualidade de vida, com o objetivo de garantir que a independência do País também signifique a independência de seus cidadãos e cidadãs diante da fome, da pobreza e da falta de oportunidades.

Grito dos Excluídos e Excluídas: 30 anos de resistência

O Sinpro também destaca a importância de fortalecer o Grito dos Excluídos e Excluídas. Paralelamente às celebrações oficiais do Dia da Independência, está em curso a 30ª edição do Grito dos Excluídos e Excluídas 2024, que representa a voz daqueles(as) que lutam por uma verdadeira independência. Desde 1995, o Grito dos Excluídos surge como um contraponto ao Grito da Independência, destacando as vozes silenciadas das periferias, dos campos, dos trabalhadores e trabalhadoras informais, e de todas as comunidades que continuam a sofrer com a exclusão e a injustiça social.

Este movimento, que acontece durante a Semana da Pátria, tem como principal objetivo trazer à tona as demandas e os desafios enfrentados pelos setores marginalizados da sociedade brasileira. Neste ano, o tema “30 anos de resistência: não há independência sem inclusão” reflete a luta contínua por direitos e igualdade, reforçando que a verdadeira independência só será alcançada quando todos(as) os(as) brasileiros(as) tiverem acesso a uma vida digna e a oportunidades iguais.

A defesa da escola pública e a influência de Paulo Freire

Um dos pontos centrais do Grito dos Excluídos e Excluídas em 2024 é a defesa da escola pública, gratuita, laica, inclusiva, emancipadora e socialmente referenciada. Este é um tema caro ao Sinpro e ao movimento dos(as) professores(as) e orientadores(as) educacionais, que tem a educação como um dos principais caminhos para a construção de uma sociedade livre e mais justa e igualitária. A luta por uma educação que promova a inclusão social, que seja crítica e que prepare os(as) cidadãos(ãs) para a participação ativa na sociedade, é uma das bandeiras históricas do movimento docente e do campo progressista brasileiro.

O educador Paulo Freire, um dos maiores expoentes do pensamento pedagógico crítico, é uma referência essencial nesse debate. Freire defendia uma educação que fosse, antes de tudo, um ato de liberdade, capaz de emancipar o indivíduo e de promover a transformação social. Para ele, a educação deveria estar a serviço dos(as) oprimidos(as), possibilitando que estes e estas se tornassem sujeitos de sua própria história. Essa visão se alinha, perfeitamente, com os ideais do Grito dos Excluídos e Excluídas, que busca dar voz e vez àqueles(as) que têm sido, historicamente, excluídos(as) dos processos de decisão e de desenvolvimento do País.

O 7 de setembro de 2024 no Brasil é, portanto, uma data marcada por contrastes. Enquanto o Brasil celebra, este ano, a retomada de programas sociais fundamentais abandonados entre 2016 e 2022, e comemora avanços sociais e a luta por um País mais justo e igualitário, o Grito dos Excluídos e Excluídas clama por uma independência que ainda não chegou para todos e todas. A defesa da educação pública, inspirada nos ideais de Paulo Freire, é central nesse debate, representando a esperança de que, por meio da educação, seja possível construir um Brasil verdadeiramente independente, soberano e inclusivo. Em um país que ainda enfrenta tantos desafios, o Grito dos Excluídos e das Excluídas lembra que a luta pela independência continua, e que essa luta deve incluir todos(as) os(as) brasileiros(as), sem exceção.

 

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