Sinpro encerra “Janeiro Branco” com alertas sobre a síndrome de burnout

Faltam 4 dias para se dar por encerrada a edição 2022 do Janeiro Branco – uma campanha de conscientização sobre os cuidados com a saúde mental. O Sinpro-DF aproveita o encerramento desta edição da campanha para alertar sobre a síndrome de burnout. Dentre as doenças mentais e emocionais que mais afetam o magistério, a burnout é uma com maior índice de registros.

 

Estudo do International Stress Management Association (ISMA-BR) mostrou que o Brasil é o segundo país com o maior número de pessoas com síndrome de burnout. Em 2020, a Secretaria Especial de Previdência e Trabalho registrou o maior número de requisição de auxílio-doença ou de aposentadoria por invalidez em razão de transtornos mentais. E, ainda, com a pandemia, o Brasil caiu 12 posições no ranking global da felicidade, ocupando a 41ª posição, segundo o relatório mundial da felicidade da Gallup e Organização das Nações Unidas (ONU).

 

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), essa doença resulta do estresse crônico no local de trabalho, que não foi administrado com sucesso. A medicina explica que é resultado de uma exposição contínua a condições de trabalho desgastantes e degradantes. “Não é algo que surge após um ou outro dia de trabalho difícil. É resultado de uma rotina constante de estresse ao longo da vida profissional e se apresenta em três dimensões interdependentes, daí se caracterizar como uma doença multifatorial. São elas: exaustão emocional, despersonalização e redução da realização pessoal”, disse Ione Vasques, professora do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília (UnB), ao site Metrópoles.

 

A doença é detectada quase todo dia pela Secretaria para Assuntos de Saúde do Trabalhador do Sinpro-DF há décadas. Não é pequena a quantidade de professores(as) e orientadores(as) educacionais que buscam o Sinpro-DF com fortes e evidentes sintomas de burnout e que são readaptados(as) na profissão por causa da síndrome. Assim, inspirado numa das principais pedagogias da campanha Janeiro Branco, que estimula o despertar para um novo começo, a diretoria colegiada convida as direções da escola a usar os serviços da entidade para ajudar a evitar e também a curar casos já existentes da doença.

 

O mote da campanha Janeiro Branco é justamente esse de usar o período do ano em que as pessoas têm a sensação de um novo começo e fazem novos planos para iniciar um novo estilo de vida. Se, por um lado, os criadores da campanha escolheram janeiro para aproveitar o clima de recomeço que o mês suscita para estimular as pessoas a começarem o ano pensando em sua saúde mental. Por outro, também observaram que, no início do ano, muita gente apresenta sintomas de melancolia por causa do fim de ano.

 

Assim, janeiro foi escolhido por causa do entendimento de que se trata de um momento em que muita gente está fragilizada e, com isso, se torna o mês ideal para se buscar ajuda profissional e começar a cuidar da mente. A cor branca representa o quadro em branco, uma lousa ou um papel em branco para receber novas escrituras ou novos desenhos de uma nova história de saúde mental, sem os tabus e sem preconceitos.

 

“Que possamos aproveitar o janeiro, mês de início, para uma caminhada em conjunto. Que não seja camuflada e nem amedrontada. Que possa ser feita em direção ao outro. Que a gente possa tornar as nossas intenções realidades e que elas estejam orientadas para vivermos em coletividade”, convida Élbia Pires, coordenadora da Secretaria para Assuntos de Saúde dos Aposentados do Sinpro-DF. Ela alerta para que esse novo começo seja realizado de forma a garantir o ritmo humano, promovendo sinceridade nas relações.

 

Luciane Kozicz, psicóloga do sindicato, explica que “a síndrome de burnout está associada às múltiplas violências impostas aos novos modos de trabalhar da sociedade contemporânea. Você está atordoado, em segunda marcha, mas quer acelerar. Passa mal, mas não fala sobre isso. Não consegue respirar, a cabeça dói, tem infecções na garganta, no intestino. As relações pessoais estão deterioradas. Normaliza a doença e, ainda assim, ignora os sinais. Quer estar encenando. Quer estar no palco”.

 

E afirma que “o estresse é o problema principal, não por ter ansiedade diante do futuro, mas estar como um sujeito do rendimento, numa intensidade frequência alta o tempo inteiro. Você será queimado. Para evitar de entrar nesta fogueira é necessário que você se implique no seu caminho. Narrativas têm de ser do seu cotidiano, do seu dia a dia, e, nesse sentido, o Sinpro oferece serviços, como uma palestra.

 

Medidas preventivas

 

Kozicz orienta a categoria a atentar-se para a realidade e perceber seu corpo. “Coloque limites. Cuidado para não se portar como um fantoche para ganhar um público ávido por diversão. Comportamentos inautênticos geram ansiedade, pois estamos matando quem somos. Utilize a fala de forma verdadeira. Interrogue. Não se torne um sujeito de mármore: esculpidos, vislumbram promessas, são seduzidos por cantos distantes, incapazes de sair do lugar. Faça fendas”, aconselha.

 

Ela reforça a ação do Sinpro no atendimento à categoria. A entidade oferece o atendimento psicológico e a palestra “Uma história sem fim: reflexões sobre o cotidiano escolar e a saúde mental”. A palestra pode ser presencial ou remota. No entanto, para ser realizada, é preciso que a escola agende com o sindicato. As Inscrições devem ser feitas pelo e-mail: faleconoscosaudetrabalhador@sinprodf.org.br ou pelos telefones: (61) 3343- 4211 ou (61) 99244-3839.

 

 O que é síndrome de burnout?

 

Uma doença ocupacional. É quando o trabalho abala o nosso psiquismo. A síndrome de burnout foi classificada como doença do trabalho pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1º de janeiro de 2022. A organização reconheceu que ela está associada aos problemas do emprego, desemprego e doença do trabalho e passou a integrar o Código Internacional de Doenças (CID) 11 e passou a ter o código QD85. Até 2021, o código era Z73. Essa nova classificação foi aprovada na 72ª Assembleia Mundial da OMS.

 

A organização definiu a burnout como uma síndrome resultante do estresse crônico no local de trabalho, que não foi administrado com sucesso. Em entrevista ao site do Metrópoles, a  psicóloga Elaine Di Sarno explicou que o quadro é resultado de uma exposição contínua a condições de trabalho desgastantes.

 

“Não é algo que surge após um ou outro dia de trabalho difícil. É um quadro que vem de uma rotina constante de estresse ao longo da vida profissional”, pontua.

Ela se apresenta em três dimensões interdependentes, e por isso, se caracteriza como uma doença multifatorial. São elas: exaustão emocional, despersonalização e redução da realização pessoal, como completa a professora do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília (UnB) Ione Vasques.

 

Como identificá-la?

 

Em decorrência desses três fatores, o profissional começa a sentir-se sobrecarregado e exaurido de seus recursos físicos e emocionais, levando ao esgotamento de energia para investir em situações que se apresentam no trabalho.

 

“Na medida em que a exaustão emocional se agrava, a despersonalização ou cinismo pode ocorrer, os quais são caracterizados por uma postura distante ou indiferente do indivíduo em relação ao trabalho e aos colegas”, completa Elaine Di Sarno.

 

Além disso, o paciente tende a avaliar-se negativamente em relação às suas competências e produtividade no trabalho, o que pode acarretar na diminuição da autoestima.

 

Dicas para fugir do burnout

 

Tudo começa por manter uma rotina saudável — com alimentação balanceada e prática de atividade física.

 

Além dos cuidados básicos ligados ao bem-estar, as profissionais recomendam um melhor gerenciamento do tempo, alimentação e descanso adequados, atividade física regular, prezar por uma convivência menos estressante no ambiente de trabalho, respeito ao horário de lazer e saber impor limites.

 

 

Com informações do Metrópoles

MATÉRIA EM LIBRAS
PARTE 1

PARTE 2