Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência e a igualdade gênero

Você conhece uma mulher ou uma menina cientista? Se ainda não, o dia 11 de fevereiro, Dia Internacional das Mulheres e das Meninas na Ciência, está aí para mostrar que existem milhares delas atuando na pesquisa científica no Brasil e no mundo. Se sim, vale reforçar que o objetivo da data oficial é aumentar a conscientização sobre a excelência das mulheres na ciência e lembrar que a ciência e a igualdade de gênero devem avançar lado a lado para enfrentar os principais desafios globais e alcançar as metas da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.

A data foi instituída, em 2015, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), agência especializada da Organização das Nações Unidas (ONU). Este ano, o tema escolhido é “Mulheres cientistas na vanguarda da luta contra a Covid-19”. A entidade observou, em nota, que o surto da pandemia do novo coronavírus demonstrou, claramente, o papel crítico das mulheres pesquisadoras em diferentes estágios da luta contra a Covid-19, desde o avanço do conhecimento sobre o vírus até o desenvolvimento de técnicas de teste e, finalmente, da vacina.

Também lançou, na manhã desta quinta-feira (11), o Relatório de Ciências da Unesco como um registro do dia. O documento mostra que cientistas de carreira ainda enfrentam o preconceito de gênero e que as mulheres representam apenas 28% dos graduados em engenharia e 40% dos graduados em ciência da computação e informática. O capítulo sobre gênero na ciência, intitulado “Para ser inteligente, a revolução digital precisará ser inclusiva”, dá conta de que a proporção de mulheres entre os graduados em engenharia é inferior à média global de muitos membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Também indica que as mulheres não estão se beneficiando, totalmente, das oportunidades de emprego abertas a especialistas altamente qualificados e qualificados em áreas de ponta. “A luta pela igualdade entre homens e mulheres deve começar desde as oportunidades educacionais para meninas e meninos.  Uma educação que exclui as meninas da ciência e da pesquisa deve promover a inserção de meninas e mulheres como política do currículo. Não por incapacidade das meninas e mulheres, mas para corrigir o distanciamento e a invisibilidade delas diante da divisão sexual na educação que reproduz a lógica de reprodução e produção”, afirma Mônica Caldeira, diretora da Secretaria de Mulheres do Sinpro-DF.

DF: mulheres e meninas cientistas enfrentam o negacionismo
No Brasil, além de lutar para serem respeitadas enquanto integrantes da comunidade científica, as mulheres e meninas da ciência também têm de lutar, cotidianamente, contra o chamado “negacionismo” das ciências e as políticas de sucateamento das instituições de pesquisa, bem como contra o esvaziamento deliberado dessas pesquisas no Brasil.

A diretoria colegiada do Sinpro-DF tem alertado para o fato de que esse negacionismo faz parte da política econômica neoliberal que o governo Jair Bolsonaro utiliza para desviar o dinheiro público destinado, no Orçamento público e outras contas públicas, à pesquisa científica, às universidades públicas e à educação em todos os níveis para os interesses privados dos banqueiros e grupos de empresários de vários setores, sobretudo da educação, que estão com ele no poder.

Resistência e defesa da ciência e da educação públicas
Mas a resistência aos ataques ocorre na prática, nas redes sociais e na realização de pesquisas. E, a cada dia, ganha mais adesões. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), do Ministério da Saúde, por exemplo, dedicou sua página eletrônica não só a homenagens, mas, sobretudo, a informações sobre mulheres e meninas na ciência. Também publicou o Calendário 2021 totalmente dedicado às “Grandes Mulheres Cientistas da Fiocruz”.

O Instituto Federal de Brasília (IFB) também dedicou seus espaços virtuais ao fortalecimento da igualdade de gênero na pesquisa científica e revelação das mulheres cientistas que atuam no instituto. A equipe lançou uma ação virtual para marcar a data e dar visibilidade às mulheres e meninas do IFB. As professoras Sylvana Santos e Cristiane Bonfim, ambas do eixo Informação e Comunicação, criaram um perfil intitulado “Meninas na Ciência do IFB”, no Instagram, para divulgar as postagens intituladas “Conheça uma cientista”.

Na Universidade de Brasília (UnB), um dos centros de excelência em pesquisa científica do Brasil em franco sucateamento imposto pelo governo Jair Bolsonaro e pela política econômica do ministro da Economia Paulo Guedes, também há comemoração da data. Entre os dias 8 e 31 de março deste ano, está previsto o II Seminário Mulheres na Ciência da UnB. O evento é realizado pelo Departamento de Matemática com o objetivo de discutir questões de gênero na ciência brasileira e, apesar dos cortes financeiros federais, conta com o apoio da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAP-DF) . 

Sinpro-DF na defesa da paridade e igualdade de gênero e da educação pública
A diretoria colegiada do Sinpro-DF lembra que a rede pública de ensino do Distrito Federal também integra o aporte nacional de produção de conhecimento novo. Todo ano dezenas de estudantes cientistas da rede são revelados(as) e premiados(as) nas feiras de ciências locais, nacionais e internacionais graças às pesquisas de iniciação científica que ocorrem na escola pública do Distrito Federal.

Além de revelações de meninas e meninos nas ciências, a educação básica e pública do DF também revela inovações e descobertas científicas produzidas nas unidades escolas sob a coordenação e a orientação de seus(as) professoras(es) em parceria com a UnB, IFB e outras instituições públicas. Em 2020, por exemplo, estudantes do Centro de Ensino Médio 02 do Gama (CEM02) desenvolveram um plástico biodegradável, feito da casca da laranja.

O projeto, orientado pelo professor de química Alex Aragão, já acabou, mas foi uma iniciativa de sustentabilidade e chegou a ser cotado para uma exposição na Ásia com perspectiva para se tornar comercial em 2021.

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