Em audiência na Câmara, Christovam Filho denuncia a exclusão de alunos LGBTI+ das escolas

“As pesquisas já indicam que a educação pública no Brasil é extremamente machista, sexista, lgbtfóbica e que, de forma sistemática, exclui meninos e meninas lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, todo sujeito que está fora do padrão heteronormativo”, alerta o secretário de Direitos Humanos da CNTE, Christovam Filho. Ele participou da audiência pública na Câmara dos Deputados que debateu educação e direitos LGBTI+ na manhã desta quinta-feira (29), Dia Nacional da Visibilidade Lésbica. Convocado pela deputada Professora Rosa Neide (PT-MT), o evento também teve presença de representantes do Sinpro-DF e do Sindiupes.

Na avaliação de Christovam Filho, a escola deveria ser um ambiente de acolhimento das diversidades: “Cada um de nós temos as nossas diferenças, as nossas riquezas, e a escola pública deveria ser esse espaço para acolher essas diferenças”. Segundo Christovam, há casos de jovens que sofrem homofobia sem sequer se considerarem gays ou lésbicas: “Um caso que ocorreu em nosso estado [ES] é o do Oliver de Jesus, um menino de apenas 12 anos, uma faixa etária que as pessoas sequer estão seguras do que elas são ou não são, uma criança que saiu de uma escola pública de Vitória, comete suicídio em sua residência. A mãe dessa criança relatou que essa criança sofria de homofobia na escola pública”.

No debate, Christovam Filho mencionou a pesquisa feita pela Anistia Internacional, nos Estados Unidos, que aponta que os alunos LGBTI+ sofrem 26 insultos por dia; 80% sofrem grave isolamento social; e 28% acabam deixando a escola. “Nós sabemos que não é evasão, é exclusão, é um público que é empurrado para fora das nossas escolas: 19% são vítimas, dentro da escola, de agressão física, e 97% dos casos não tem intervenção do corpo docente”, pontuou.

Profissionais da educação ameaçados

A LGBTfobia também prejudica os trabalhadores em educação. “A nossa filiada APP [sindicato do Paraná] tem dezenas de processos administrativos contra professores e professoras que insistem em discutir em sua prática pedagógica uma educação mais pluralista e democrática”, relata Christovam Filho. “Em alguns estados brasileiros há casos em que o profissional chega na escola pública, em especial professores temporários contratados, que são recusados pela gestão simplesmente por terem uma orientação sexual diferente”, alerta o secretário de Direitos Humanos da CNTE.

Christovam finalizou: “Nós precisamos ter um compromisso com uma escola pública aberta, democrática e plural, com liberdade de cátedra, e que a gente possa juntos construir um currículo que de fato possa acolher. É um companheiro LGBT que é assassinado ou comete suicídio a cada 30 horas em função da sua orientação sexual ou identidade de gênero. Devemos juntos construir possibilidades para que a escola seja mais humanizada.”

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