13º CTE | Mudanças sociais exigem revisão da educação, afirma presidente do IBGE

A sociedade mudou — e a educação deve acompanhar esse processo. Essa foi a avaliação do presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Márcio Pochman, durante o 13º Congresso das Trabalhadoras e dos Trabalhadores em Educação. O economista e pesquisador apresentou uma análise sobre as transformações no mundo do trabalho e sobre o papel da educação e de seus(as) trabalhadores(as) diante dessas transições.

 

“Um olhar para a educação que não fique exclusivamente voltada aos segmentos tradicionais e olhe a sociedade como um todo é algo que estimula a pensar um novo modelo educacional”, afirma Marcio Pochmann, presidente do IBGE, no 13º CTE – Palestina livre | Fotos: Deva Garcia e Joelma Bomfim

 

Segundo Pochmann, a educação que conhecemos hoje é fruto de um processo educacional que se organizou voltado, basicamente, para um segmento etário da população — crianças, adolescentes e alguns jovens que conseguiam ter acesso à universidade. Esse modelo foi consolidado especialmente em um momento em que a população deixava o campo em direção às cidades.

“Nós procuramos aqui chamar a atenção para o fato de que aquela sociedade que demandou a educação que nós conhecemos hoje não existe mais. Temos uma outra sociedade, com demandas diferentes do ponto de vista da educação. A começar pelo fato de que a ignorância, o desconhecimento e a curiosidade não estão concentrada apenas na juventude, faz parte do conjunto da sociedade uma pessoa com mais idade também tem curiosidade”, disse.

Nesse cenário, Pochmann apontou que a parcela da população para a qual a educação não é pensada de forma adequada tem buscado respostas nos mecanismos disponíveis, como as redes sociais, que têm as informações concentradas em poucas empresas estrangeiras.

“Isso exige, na verdade, uma revisão do que se entende por educação e de como ela deve se organizar, a partir de uma perspectiva mais ampla de sociedade, especialmente considerando que a população já não cresce como no passado”, explicou.

As mudanças demográficas reforçam ainda mais esse desafio. Segundo o IBGE, a projeção indica que o número de habitantes no país continuará aumentando até 2041, quando deve alcançar cerca de 220,4 milhões. A partir de 2042, iniciará um processo de redução, chegando a menos de 200 milhões em 2070. Esse movimento decorre da fecundidade abaixo do nível de reposição e da mudança na composição etária, marcada pelo expressivo crescimento do contingente idoso.

“Então, um olhar para a educação que não fique exclusivamente voltada aos segmentos tradicionais e olhe a sociedade como um todo é algo que estimula a pensar um novo modelo educacional”, afirmou.

Mas essa reestruturação passa também por repensar o conteúdo da educação, como aponta Pochmann. Segundo ele, para estabelecer um novo projeto educacional, é preciso tratar com mais ênfase temas, como questões climáticas, o processo de digitalização das informações, entre outros.

“Se não fizermos, os outros farão. Nada nos impede de termos um novo projeto educacional, mas isso pressupõem não fazermos as mesmas coisas, mas sermos ousados. Eventos como esse Congresso nos ajuda a sermos mais fortes, a resistirmos e oferecer uma luz para o futuro”, finalizou.

 

Márcio Pochmann fala para centenas de professores(as) e orientadores(as) educacionais no 13º CTE – Palestina livre | Fotos: Joelma Bomfim e Deva Garcia

 

 

13º CTE

O 13º CTE – Palestina Livre tem como tema “Nova Organização Sindical, Transformações no Mundo do Trabalho e Luta de Classes”. O evento segue até domingo (16/11), no Centro Comunitário Athos Bulcão da Universidade de Brasília (UnB).

O evento debaterá temas centrais para o futuro da educação pública, a valorização da categoria e os desafios da organização sindical. Além da aula magna e da homenagem ao povo palestino, realizados no primeiro dia do congresso, a programação inclui análise das conjunturas internacional, nacional e local, discussões sobre reforma estatutária, além de apresentações culturais. O encontro ainda aprovará o plano de lutas do magistério público do DF para o próximo período.

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