21 de março: Dia Internacional contra a Discriminação Racial

Em memória ao massacre de dezenas de mulheres e crianças, a tiros, por policiais durante o regime do apartheid em Johannesburg, capital da África do Sul, o dia 21 de março foi instituído como Dia Internacional contra a Discriminação Racial. O massacre ocorreu em 1960, durante os protestos pacíficos contra a Lei do Passe, que obrigava a população negra a andar com cartões de identificação que estabeleciam os limites entre os locais de acesso permitido e as zonas proibidas.

Com o objetivo de fomentar ações de combate à violência e ao preconceito, e pela promoção da igualdade de oportunidades, o Sindicato dos Bancários de Brasília promove, na próxima terça-feira (25), a partir das 18h, no Teatro dos Bancários (EQS 314/315), edição do Brasília Debate sobre discriminação racial. Na pauta, quilombolas, cotas raciais, estatuto da igualdade racial e a lei federal que tornou obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana nos currículos da Educação Básica (Lei 10.639/2003). Entre os debatedores estão: Humberto Adami (Estatuto da Igualdade Racial), Antônio Gomes da Costa Neto (História AfroBrasileira), Elzimar Rodrigues (Discriminação Racial), Professor Neivaldo (Cotas no Serviço Público), César Araújo (África do Sul após Nelson Mandela) e José Ventura (Quilombos).

Nesta sexta-feira (21) a Universidade de Brasília (UnB) realiza uma audiência pública sobre as cotas raciais nas faculdades públicas, como parte das comemorações à data. “Infelizmente o negro ainda se depara com situações racistas, até mesmo de uma forma velada, principalmente cometidas por órgãos que deveriam trabalhar pelo combate ao racismo. Ainda é preciso avançar muito no que se refere à discriminação racial, principalmente na questão governamental”, ressalta a diretora do Sinpro, Jucimeire Barbosa.

O preconceito em números

Muitas décadas se passaram desde o massacre de Johannesburg, que se tornou símbolo da luta pela igualdade, mas a realidade do negro ainda é marcada pela discriminação. Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) sobre racismo no Brasil mostra que a possibilidade de um adolescente negro ser vítima de homicídio é 3,7 vezes maior do que a de um branco. A estatística demonstra que as maiores vítimas de homicídios no Brasil são homens jovens e negros, numa proporção 135% maior do que os não negros: enquanto a taxa de homicídios de negros é de 36,5 por 100 mil habitantes, no caso de brancos, a relação é de 15,5 por 100 mil habitantes.

No mercado de trabalho isso não é diferente. Segundo o estudo do Ipea, apesar de os negros ocuparem 47% dos empregos no setor público, o que equivale a quase metade das vagas existentes, a presença dessa parcela da população é muito reduzida nas carreiras mais valorizadas, como a de diplomatas, de auditores da Receita Federal e de advogados da União.

A análise do Ipea foi feita a partir do projeto de lei em análise na Câmara dos Deputados que reserva aos negros 20% das vagas oferecidas nos concursos públicos federais (PL 6738/13). A regra vai valer para concursos da administração pública, das autarquias, das fundações, das empresas públicas e das sociedades de economia mista controladas pelo governo federal.

Discriminação também nos bancos

Nos bancos, a discriminação também é visível. Segundo a própria Fenaban, apenas 19% dos bancários são negros. E mesmo assim, eles não estão no lato escalão. “É raro vermos negros ocupando postos nas diretorias das instituições financeiras”, denuncia Eduardo Araújo, presidente do Sindicato. “Na outra ponta, em postos de atendimento, também não são vistos. Paradoxalmente, os bancos se defendem dizendo que os negros não são alocados para atender a clientela justamente para evitar manifestações de preconceito, o que é um absurdo, pois não se resolve um problema empurrando-o para debaixo do tapete”.

Com informações da CUTDF