Trabalhadores derrotam agenda de Temer em Comissão no Senado. Mas luta continua


Por trás de um discurso arrogante e imperioso, a base aliada do governo não-eleito Temer (PMDB) acabou mostrando toda a sua fragilidade. Os senadores integrantes da Comissão de Assuntos Sociais (CAS), numa reviravolta que surpreendeu os governistas, rejeitaram por 10 votos contrários e 9 favoráveis o relatório ao projeto da reforma trabalhista (PLC 38/2017).
O parecer aprovado pela comissão, ontem (20/6) à tarde, foi o voto em separado do senador Paulo Paim (PT-RS) e que pede a rejeição integral do texto. A matéria agora segue para Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ). O placar esperado pelo governo era de 11 votos favoráveis e 9 contrários, segundo o líder do governo, senador Romero Jucá (PMDB-RR). Ele já anunciou que manterá na CCJ o relatório anteriormente aprovado na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) – favorável à reforma. Independentemente, o resultado de ontem representa uma dura derrota para o governo, que vê na aprovação da reforma uma maneira de demonstrar que está tocando seu trabalho normalmente, apesar da crise política gerada por denúncias e corrupção que afetam diretamente Michel Temer.
Com críticas ao projeto, Paulo Paim afirmou que o texto é uma “traição ao povo brasileiro”, pois o governo tenta “vender o céu” com uma proposta que não vai gerar emprego nem aumentar as contratações formais e só vai beneficiar o grande empregador.
Para Paim, o Brasil inteiro está contra o projeto, que só retira direitos e torna mais precárias as relações trabalhistas, prejudicando a parte mais fraca, o empregado. “Essa reforma é um cavalo de troia sim, bonito por fora e por dentro tem uma bomba que vai explodir com a vida do povo brasileiro”, disse.
Luta que continua – A reforma trabalhista ainda vai passar pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e, por fim, pelo plenário do Senado.
Esta é a hora de intensificar ações no combate ao retrocesso, alertando a sociedade quanto aos perigos dos projetos do governo ilegítimo – que retiram e atacam direitos da classe trabalhadora.
De acordo com dirigentes cutistas, é fundamental que haja atividades de alerta e conscientização da população. “Os projetos têm um longo caminho de tramitação dentro do Congresso. Por isso, é preciso pressionar os parlamentares e denunciar a retirada de direitos. Vamos, juntos, incentivar e mobilizar a sociedade contra essas nefastas medidas”, afirmaram.
As ações de rua (panfletagens, atividades lúdicas, conversas com a população) foram essenciais para que a classe trabalhadora obtivesse esta vitória no Senado Federal.
“Devido à pressão social fomentada pela CUT e diversos movimentos sociais, o relatório da reforma trabalhista acabou rejeitado na CAS. No entanto, a luta deve continuar”, ressaltou o presidente da CUT Brasília, Rodrigo Britto. “Vencemos uma batalha, mas não vencemos a guerra. Precisamos continuar nas ruas, mobilizados, fazendo mais atos e atividades. Não podemos permitir que nossos direitos sejam roubados, que nossa aposentaria seja extinta e que a CLT vá para o túmulo. Contra as reformas trabalhista e previdenciária estamos nas ruas para dizer ‘Fora Temer!’, nenhum direito a menos e ‘Diretas Já!’, disse.
Veja como cada senador da CAS votou no relatório do governo:
Hélio José (PMDB): Não
Waldemir Moka (PMDB): Sim
Elmano Férrer (PMDB): Sim
Airton Sandoval PMDB): Sim
Ângela Portela (PDT): Não
Humberto Costa (PT): Não
Paulo Paim (PT): Não
Paulo Rocha (PT): Não
Regina Souza (PT): Não
Dalírio Beber (PSDB): Sim
Eduardo Amorim (PSDB): Não
Flexa Ribeiro (PSDB): Sim
Ricardo Ferraço (PSDB): Sim
Ana Amélia (PP): Sim
Otto Alencar (PSD): Não
Lídice da Matta (PSB): Não
Randolfe Rodrigues (Rede): Não
Cidinho Santos (PR): Sim
Vicentinho Alves (PR): Sim
>>> Leia também: Rejeição a relatório da reforma trabalhista ‘aumenta o ânimo da tropa’, avalia Diap
(Com informações da CUT Brasília/Foto: Agência Senado)