Visita de cardeal a trabalhadores em greve de fome mostra gravidade da reforma da Previdência

Dom Sérgio da Rocha, cardeal da Igreja Católica e arcebispo de Brasília, visitou, nessa terça-feira (12), os trabalhadores rurais em greve de fome há 8 dias, na Câmara dos Deputados, contra a reforma da Previdência.
E mesmo com a presença do cardeal no protesto, a imprensa do Distrito Federal e nacional mantêm silêncio sobre esse protesto dos trabalhadores rurais sem terra, bem como as muitas outras manifestações em massa da população e do movimento sindical contra essa reforma.
“Trata-se de um ataque sem precedentes ao direito à aposentadoria dos brasileiros. Essa reforma é excludente e expulsa do sistema previdenciário a todos, mas, sobretudo, as mulheres e os trabalhadores rurais”, denuncia Cláudio Antunes, diretor de Imprensa do Sinpro-DF.
Outros dez trabalhadores urbanos e camponeses iniciaram, nesta quarta-feira (13/12), no Rio Grande do Sul, o jejum contra a reforma da Previdência, que está prevista para ser votada no dia 18 de dezembro, na Câmara dos Deputados. O jejum começou às 10h30, na Esplanada da Assembleia Legislativa, localizada no Centro Histórico de Porto Alegre. Confira aqui.
“A iniciativa se soma ao movimento que iniciou no dia 5 de dezembro, em Brasília, contra a reforma previdenciária proposta pelo governo de Michel Temer (PMDB). Na ocasião, três camponeses ligados ao Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) se colocaram em situação de greve de fome no Salão Verde da Câmara Federal. Hoje, no local, estão sete grevistas, sendo cinco mulheres e dois homens”, informa o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Nota da Arquidiocese
Em abril deste ano, ao conhecer o conteúdo da PEC 287/16, a Arquidiocese de Brasília divulgou nota contra a reforma da Previdência. No documento, o Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), reunido em Brasília-DF, dos dias 21 a 23 de março de 2017, disse que “em comunhão e solidariedade pastoral com o povo brasileiro, manifesta apreensão com relação à Proposta de emenda à Constituição (PEC) 287/2016, de iniciativa do Poder Executivo que tramita no Congresso Nacional”.
E lembrou do Art. 6º da Constituição Federal de 1988, em vigor, que estabeleceu a Previdência como um direito social dos brasileiros e brasileiras. “Não é uma concessão governamental ou um privilégio. Os direitos sociais no Brasil foram conquistados com intensa participação democrática, qualquer ameaça a eles merece imediato repúdio”.
Diz ainda que “o sistema da Previdência Social possui uma intrínseca matriz ética. Ele é criado para a proteção social de pessoas que, por vários motivos, ficam expostas à vulnerabilidade social (idade, enfermidades, acidentes, maternidade…), particularmente as mais pobres”.
A nota alerta para o fato de que “nenhuma solução para equilibrar um possível déficit pode prescindir de valores ético-sociais e solidários” e destaca que “na justificativa da PEC 287/2016 não existe nenhuma referência a esses valores, reduzindo a Previdência a uma questão econômica. Fazemos nossas, as palavras do Papa Francisco: “A vossa tarefa é contribuir a fim de que não faltem as subvenções indispensáveis para a subsistência dos trabalhadores desempregados e das suas famílias”.
Confira aqui a nota da Arquidiocese de Brasília sobre a reforma da Previdência, divulgada em abril, e, em seguida, as imagens da visita do cardeal dom Sérgio da Rocha aos trabalhadores rurais em greve de fome na Câmara dos Deputados: