Violência nas Escolas: Sinpro participa de Audiência Pública no Senado

Durante audiência pública realizada pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), nesta segunda-feira (18), estudantes e professores concordaram com a ideia de que medidas de repressão não são suficientes para resolver o problema da violência nas escolas e pediram mais investimentos na educação.
Rosilene Corrêa, professora e diretora do Sindicato dos Professores no Distrito Federal (Sinpro-DF) lamentou a apresentação de projetos de lei que propõem a instalação de câmeras e detectores de metais para aumentar a segurança nas escolas. Em sua opinião, esse tipo de medida distancia ainda mais a comunidade do ambiente escolar.Segundo ela, o foco do debate sobre violência não pode estar na punição, mas deve estar na valorização da educação no país por meio de investimentos em estrutura e melhores salários para os professores. Rosilene frisou que é preciso ampliar os investimentos na educação e não o reforço na segurança das escolas.
– Enquanto a educação for vista como despesa, continuaremos com essa sociedade. Temos que investir para não ter que aumentar os presídios neste país. – afirmou. Rosilene Corrêa também destacou que os profissionais de educação não estão preparados para lidar com situações de violência e conflito.
Formação
A subsecretária para Educação Integral, Cidadania e Direitos Humanos do Distrito Federal, Gícia de Cássia Falcão, defendeu uma revisão na formação de professores e propôs que sejam criados cursos para que os profissionais de educação sejam habilitados a mediar conflitos não apenas nas escolas, mas em toda a comunidade escolar.
-Nós professores não somos formados para determinadas situações. A formação do profissional de educação é grande preocupação. É preciso formar, sim, para que possamos atuar de maneira que esses conflitos sejam resolvidos dentro da escola, dentro da própria comunidade escolar – disse.
O presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Yann Evanovick, defendeu que o governo destine mais do que 5% do produto interno bruto (PIB) ao setor.
– Ao destinar apenas 5% do PIB ao setor, o governo demonstra que a educação não é prioridade no país – disse. O estudante lembrou que o Congresso Nacional deverá examinar este ano o Plano Nacional de Educação, que tem como objetivo determinar o que será aplicado no setor até 2020.
– Estamos no ano que pode ser decisivo para os próximos dez anos. É o ano que o Estado brasileiro pode dizer: nós podemos investir um pouco mais em educação – alertou.
O Senador Paulo Paim, Presidente da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa destacou a importânica em continuar debatendo o assunto e que a escolha do tema aconteceu antes do massacre das crianças em Realengo no Rio de Janeiro. O Senador enalteceu a presença na audiência do Coordenador de Educação na Unesco, Paolo Fontane, do presidente da Sociedade Brasileira de Psiquiatria, Dr. Antônio Geraldo, do professor Antônio Lisboa, representante da CNTE e do Dr.  Luciano Wagner Guimarães Lírio,  Presidente da Sociedade Brasileira de Psicanálise. Os alunos do Centro de Ensino 4 do Guará participaram da audiência como convidados representando os estudantes em escolas públicas de todo país.
Cultura de paz
Ao mesmo tempo em que também vê professores e alunos como alvo de bullying, o presidente da ABP, Antonio Geraldo da Silva, os convoca a denunciar essas agressões e a disseminar uma cultura de paz nas escolas.
O psiquiatra citou distúrbios mentais que podem estar associados a esse tipo de violência, como depressão, anorexia, transtornos bipolar e de déficit de atenção, e observou que a comunidade escolar precisa não só estar apta a identificá-los, mas saber também para onde encaminhar esses casos.
– É muita gente doente sem tratamento adequado. Vivemos um problema de desassistência psiquiátrica no país. É preciso identificar os transtornos de conduta que levam ao uso de drogas e a um comportamento antissocial – sustentou Antonio Geraldo. Ainda sobre a questão de entorpecentes, o presidente da ABP defendeu uma maior taxação e controle na produção e venda de insumos legais usados na produção de cocaína e “crack”. Após afirmar a posição da entidade totalmente contrária à liberação das drogas no país, convidou o presidente da CDH, senador Paulo Paim (PT-RS), a ser padrinho da campanha “craque que é craque não usa crack“, a ser lançada em seminário nacional sobre o assunto, marcado para novembro, no Rio de Janeiro.