UNE debate democratização da mídia

Enfrentar os oligopólios de comunicação, restringir as propriedades cruzadas e aprofundar a discussão acerca das mídias alternativas foram os eixos que orientaram mais um debate durante o 63º Coneg da UNE, na manhã deste sábado (21/3). ”A Democratização dos meios de comunicação de massas” foi o tema da mesa realizada na Universidade Nove de Julho (Uninove), em São Paulo.
Entre os convidados estavam o jornalista e representante do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, Altamiro Borges, e a coordenadora do coletivo Intervozes – criado em 2003 para defender a democratização, Veridiana Alimonti.
Velho conhecido pelos estudantes e trabalhadores na luta contra a ditadura midiática, Miro, como Borges é chamado, fez um alerta sobre o papel perigoso que a mídia ocupa hoje em todo Brasil. ”Os meios de comunicação tem a possibilidade de informar e desinformar, formar e deformar. A constituição brasiliera diz que monopólios são proibidos nesse sistema. mas é exatamente isso que vivemos aqui, com a Rede Globo, por exemplo, que domina as televisões de norte a sul. Discutir a regulação da mídia é defender a liberdade de expressão”, falou.
A centralização exercida pelas grandes difusoras de rádio e televisão foi apontada como um dos entraves para a democratização da mídia. Para os convidados, a programação oferecida não abrange um importante de conjunto de vozes, fatos e versões, configurando-se um desserviço à pluralidade.
”O rádio e a tv são serviços públicos concedidos a empresas privadas. O que deveria ocorrer é uma grande gama de produções regionais, mas não é o que vemos. A mídia fica presa ao eixo Rio-São Paulo, propagando uma ideia só de Brasil. É uma cadeia onde editoras, afiliadas, produtoras e gravadoras de uma mesma empresa reproduzem um único tipo de opinião provocando visões de mundo unilaterais”, pontuou Veridiana.
A transferência de um serviço público para uma atividade completamente econômica também foi questionada. Foi consenso para os convidados que a democratização seria a única forma de garantir o caráter público de princípios e deveres dentro dos meios de comunicação.
”Ao contrário do que muitos insistem em dizer, a democratização surge para garantir a liberdade de expressão. Hoje não existe liberdade. As grandes empresas utilizam o espectro televisivo e radiofônico para falarem sempre a mesma coisa. O Brasil precisa retratar o Brasil. Mais atores precisam ter a oportunidade de aparecer e escrever histórias. Só se combate desigualdade com política pública e é isso o que esperamos da regulação da mídia – espaço para cada vez mais pessoas poderem expressar e reverberar sua opinião”, finalizou a coordenadora do Intervozes.
O Barão Itararé, Intervozes e também a UNE integram o projeto de lei de iniciativa popular intitulado ”Para expressar a liberdade”. Nele, as entidades defensoras da democratização lutam por mais democracia, liberdade de expressão, variedade, pluralidade e transparência nos meios de comunicação. Para conhecer mais e contribuir com o projeto, acesse www.paraexpressaraliberdade.org.br
(Do FNDC)