UnB à deriva


Após Michel Temer ter usurpado a cadeira da presidência da República, foi dado início ao desmantelamento das universidades públicas. Propostas do governo golpista – como a emenda constitucional que congela os investimentos públicos em áreas sociais por 20 anos (EC 95) – acenderam as luzes de alerta das instituições federais públicas de ensino superior, que padecem pela falta de recursos. O cenário não é diferente na Universidade de Brasília.
Considerada uma das universidades-modelo por muito tempo, a UnB não tem verba para cobrir as despesas até o fim do ano. Bolsas para pesquisadores estão prestes a serem extintas. Terceirizados estão sendo demitidos em massa. Faltam até materiais básicos para realização de aulas em laboratórios. Tudo isso devido à matemática neoliberal do governo, que pretende equilibrar as contas à custa da precarização da educação, da saúde, da moradia e de outras garantias constitucionais. Com o corte no investimento destinado às universidades federais, foram subtraídos 15% orçamento inicial e 40% do orçamento de capital (como a aquisição de equipamentos).
Segundo levantamento feito pela UnB, será necessário cortar R$ 39,8 milhões do orçamento e aumentar a receita em R$ 50,8 milhões do caixa da universidade. O custo anual da UnB é de R$ 214,5 milhões, mas ela só receberá R$ 177 milhões, entre recursos do Tesouro e arrecadação.
Medidas drásticas foram tomadas pela reitoria da UnB para tentar ajustar o orçamento. Entre elas, a possibilidade iminente do aumento de até 160% no valor das refeições oferecidas no Restaurante Universitário e a redução de beneficiados com o programa que subsidia a alimentação de alunos de baixa renda.
“O problema é pensar que esse cenário se estenderá pelos próximos 20 anos, caso a EC 95 não seja revogada. E é por isso que temos que fortalecer a nossa luta sindical, que deve sempre estar ancorada na solidariedade de classe, na autonomia e na independência sindical. A luta contra o governo golpista e em defesa de uma educação superior pública de qualidade é uma tarefa de toda a classe trabalhadora; de todos nós”, disse o presidente da CUT Brasília, Rodrigo Rodrigues.
A luta em defesa da UnB e demais universidades públicas federais também vem sendo feita pelos estudantes. E tratada com total truculência pela polícia que atua sob comando do governo golpista. Durante ato realizado em abril, em frente ao Ministério da Educação, os estudantes foram atacados com gás de pimenta e muita violência. Três estudantes foram detidos.
Servidores técnico-administrativos da UnB estão em greve desde o dia 24 de março contra o desmonte da Universidade, impulsionado pela EC 95.
A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) publicou nota para cobrar do governo golpista ações emergenciais visando ao restabelecimento do equilíbrio orçamentário e financeiro das universidades publicas federais, dando destaque à nociva EC95/2016. “As melhores universidades brasileiras são publicas; é nessas universidades que se oferece a melhor formação de profissionais de nível superior; é nas universidades federais que são titulados mais da metade dos mestres e doutores do país; e é nas universidades federais que se produz parte expressiva da ciência e da inovação que geram riqueza e renda para a sociedade brasileira. Por isso, o que está em risco é o futuro do país, não apenas o pagamento das contas do ano”, destaca a nota.
Fonte: CUT Brasília